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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Ibop erra pesquisas eleitorais realizadas, Datafalho erra feio cuidado com as pequisa desses jornais


No momento em que o processo democrático em nosso país, uma vez mais,  comprova  sua  absoluta consolidação em um pleito para a eleição de um novo Presidente da República, somos surpreendidos pelos episódios antidemocráticos no Equador, em que militares insubordinados, alegando insatisfação pela perda de benefícios, agridem o Presidente Rafael Correa e o cercam em atitude de sequestro, do que resultou uma verdadeira batalha campal , com pelo menos oito mortos já confirmados e quase trezentos feridos. Ressalte-se que a atitude dos militares foi secundada por outros atos hostis, entre eles a ocupação do aeroporto de Quito.
Carlos Drummond de Andrade, em  texto metalinguístico muito conhecido, diz que “lutar com as palavras  é coisa mais vã”. O contexto em que o grande poeta mineiro proferiu essas palavras permite a interpretação de que ele ali estava se referindo à angústia dos autênticos escritores na ânsia de buscar a palavra perfeita, a palavra que corresponda exatamente aos seus sentimentos,  a palavra certa.
As reportagens que andei lendo sobre o epísódio do Equador, nos dias 1 e 2 de outubro, me fazem pensar que também alguns jornalistas devem experimentar essa perplexidade quando procuram a palavra de que necessitam. Perplexidade que deve aumentar quando precisam empregar a palavra...errada, ou seja, aquela que, não correpondendo exatamente aos fatos, preencha outros objetivos da comunicação.
Na edição do dia 01 de outubro, o jornal “O Globo”, em discretíssima menção, na primeira página,  aos episódios do Equador, utiliza como chamada principal em um quase rodapé a frase  “Correa acusa golpe e decreta exceção”, a qual se segue o subtítulo “Rebelião de policiais mergulha o Equador no caos , e presidente ameaça dissolver Congresso”. Interessante seleção vocabular...  Quem conhece o jargão do boxe, sabe que a expressão “acusar golpe”  pretende significar a reação do lutador que recebe um soco violento e manifesta sua dor. Num ato falho (será que foi?), a redação da matéria acaba por desqualificar o posicionamento ativo do presidente, ao denunciar um golpe, colocando-o em postura passiva de quem, acuado, reage contra as instituições. Mas tudo bem. Poderia  ter sido simplesmente uma escoha infeliz das palavras... Ou, quem sabe, uma escolha até adequada, desde que o redator realmente estivesse considerando pouco relevante a atitude dos militares e exagerada a reação do Presidente. Ocorre, porém, que, nessa mesma edição, o jornal se refere ao clima político instaurado como de “caos”,  “um país mergulhado na incerteza” e,  ainda  que num supereconômico editorial  (“Opinião”), manifesta preocupação com a  “ruptura institucional no Equador” , mencionando, aí sim, a palavra Golpe.  Espaços de visibilidade diferente para posicionamentos diferentes, nessa”luta com as palavras”...
Na edição do dia seguinte (02. de outubro) e ainda em acanhadíssimo espaço na primeira página , lá vem o Globo com suas escolhas e com a chamada: “Equador: golpe ou revolta?”, à qual se segue, poucas linhas abaixo, a “informação” de que “os equatorianos duvidam de conspiração”.  Formidável !  Como os redatores do jornal não devem desconhecer o caráter generalizador do artigo definido, mencionar que “os” equatorianos põem em dúvida o ato conspiratório, um dia depois do evento, é afirmação risível. A não ser, é claro, que o jornal tenha promovido pesquisa recorde de opinião naquele país para afirmação tão categórica, De qualquer modo, a página inteira que cuida do assunto nessa edição reafirma o conteúdo generalizador: “País duvida de tentativa de golpe” e apresenta, para justificá-lo, três ou quatro depoimentos, entre eles o de um jornalista sabidamente contrariado com o Governo e o de um  ex-presidente equatoriano, inimigo político do atual.   
Sabemos todos que o presidente Rafael Correa se aninha, como Evo Morales e outros ,  entre os aliados de Hugo Chavez ,suas teses bolivarianas, e tudo o mais. E também estamos cansados de saber o posicionamento do Globo com relação ao líder venezuelano, em manifestações de indiscutível direito de opinião. Contudo, o episódio do Equador transcende a esses posicionamentos , pois interessa diretamente a todos os que amam a democracia e querem o respeito às escolhas majoritárias. Entre eles,nós, os brasileiros.   O presidente do Equador foi eleito recentemente pela segunda vez, em pleito de lisura não discutível e qualquer desagrado ao seu comando é apenas  nas urnas que pode ser manifestado. O movimento militar que o agrediu,se não foi um golpe clássico, pretendeu, pelas suas características, transformar-se em um. Não há por que escamotear essa verdade. Sob pena de cometer-se um outro golpe, tão perigoso quanto aquele, o golpe à palavra, nessa luta em que, fazendo-a escrava de outras razões que não as da verdade, não se está servindo à cidadania. .    
Direto da Redação
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