O drama de Maria, José e Jesus
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Os agentes, na verdade, procuravam por uma outra brasileira que morou anteriormente na mesma casa alugada, ou seja, atiraram no que viram e acertaram no que não viram. E a nossa jovem mãe, ao provar que não era ela a mulher procurada, acabou revelando sua vulnerabilidade legal. Os únicos documentos que possuia, os passaportes brasileiros dela e do marido, foram apreendidos pelos visitantes inesperados e indesejados.
Maria e José, vamos chamá-los assim, vivem há vários anos nos EUA e sonham em voltar para o Brasil com algum pé-de-meia. Para isso trabalham duro de sol a sol, ele como handyman – aquele que faz serviços gerais em uma casa – e ela como manicure em um salão de beleza de brasileiros (trabalho do qual está afastada para cuidar de Jesus, o filho recém-nascido). Todo dinheirinho que juntam é mandado para a família no Brasil.
Maria, José e Jesus formam uma típica família brasileira nos Estados Unidos, gente honesta e humilde que veio geralmente do interior do Brasil em busca de uma oportunidade no país do qual ouviram dizer maravilhas, onde não falta trabalho e é fácil construir fortuna e ter acesso ao carro e à casa própria. Mas não têm acesso à mídia, a não ser quando cometem ou são vítimas de algum crime.
Em busca do sonho americano, todos os anos milhares de brasileiros, como Maria e José, correm atrás dele. Entram na terra do Tio Sam clandestinamente, correndo todos os riscos possíveis e imagináveis, até mesmo de morte, como aconteceu recentemente com quatro brasileiros que foram fuzilados por narcotraficantes no México, junto com dezenas de latinos que pretendiam atravessar a fronteira. E, se escapam dos sicários mexicanos, ainda têm que fugir da polícia de imigração americana, quando não morrem de fome e sede no deserto.
O drama de Maria, José e Jesus aconteceu na mesma semana em que o presidente Lula participava de uma festa no Itamaraty, no Rio, quando foi empossado o Conselho de Representantes de Brasileiros no Exterior (CRBE), nome pomposo para uma entidade de utilidade praticamente nenhuma.
Enquanto havia choro e medo na casa de uma humilde família de brasileiros, os membros do CRBE faziam sua festiva reunião com o presidente Lula e o pessoal do Itamaraty. Esta semana os membros do Conselho voltaram para casa trazendo orgulhosos, como troféus, a foto ao lado do presidente, que hoje povoam seus facebooks e jornais locais. Apesar de sabermos que alguns desses “conselheiros” fizeram cerrada campanha contra Dilma, que teve em Miami, por exemplo, 692 votos contra 3.340 de Serra.
Como disse recentemente nosso colega aqui do DR, Rui Martins, um batalhador incansável pela criação de órgão federal que cuide e defenda efetivamente os interesses das comunidades brasileiras em todo o mundo, o que acaba de ser criado nada mais é do que “um grande convescote, uma feira de vaidades com a presença de um grupo de brasileiros que irá ao Brasil regularmente, com passagens pagas pelo governo, para confratenizar com o pessoal da diplomacia brasileira “.
Enquanto isso, dramas como o de Jesus, Maria e José, cujo destino será a prisão ou a deportação, continuarão a se multiplicar diariamente nas cidades americanas. O que pode fazer o tal Conselho por eles? Nada, absolutamente nada.
Quem quer dinheiro?
Essa é uma das marcas do apresentador Silvio Santos, que completou neste domingo 80 anos de idade em plena atividade. Silvio é um dos maiores fenômenos de comunicação da televisão brasileira. Do humilde trabalho de camelô nas ruas do Rio, transformou-se num super empresário.
Durante algum tempo, ele entregou o comando do SBT a seus diretores, na época da inundada sede na Vila Guilherme. Ele raramente ia à emissora e gravava seus programas num auditório no bairro do Carandiru.
Veio a sede nova na Anhanguera em meados da década de 90. A festa de inauguração foi um espetáculo, quando milhares de funcionários foram ver de perto o chefe que quase não aparecia.
Contam, eu trabalhava lá mas não presenciei, que Silvio ficou espantado quando viu a imponência da construção e teria dito: “isso aqui mais parece um shopping do que uma emissora de televisão”. Contam ainda que a obra custou quatro vezes mais que o projeto inicial. A partir daí, Silvio afastou alguns diretores suspeitos e assumiu o comando da emissora.
Hoje, Silvio e o SBT vivem o pesadelo do escândalo envolvendo o Banco PanAmericano e a dívida bilionária que o apresentador assumiu para reverter a fraude em sua empresa.
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