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sábado, 25 de junho de 2011

Fernando Henrique Cardoso e a legalização da maconha

Fernando Henrique quer legalização da maconha

As campanhas pela legalização do consumo de maconha se expandem dia a dia pelo mundo todo. À medida que elas crescem, vão surgindo defensores de peso, como os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Bill Clinton. Estes pesos-pesados dão uma conotação de legitimidade e de acerto pela legalização, mas não passam disso. Na prática, o Brasil não vai legalizar nada disso, pois, de mesma forma que existe a certeza que o combate não resolveu nada até hoje, não se tem certeza de que poder consumir à vontade não agrave o problema.



Existem posições acerca do uso da maconha que precisam ser clareadas para se afirmar se é a ilegalidade que ajuda na permanência do problema ou se restringe apenas à omissão do Estado, com ações ineficazes. Já foi diagnosticado que o combate na “ponta” não resolve; mas as fronteiras do Brasil são um queijo suíço, e nada de efetivo foi feito agora. Até a única aeronave destinada ao combate nas fronteiras não tem previsão de utilização, por falta de condições. Não se vê a incineração das drogas apreendias, e não raro somem toneladas das delegacias, como ocorreu em Campinas há algum tempo.



Ao defender a legalização da maconha, Fernando Henrique segue uma convicção arraigada nos brasileiros de que os problemas se resolvem apenas colocando intenções em papel, numa lei. O excesso delas já apeou este país pela burocracia e confusão jurídica que se forma em torno delas, e também por conta disso as demandas nunca terminam. O fato de a permissão constar numa lei não resolverá nem minimizará o problema. Antes, deve se fazer o debate correto, já que predominam as distorções sobre o problema.



Os traficantes são corretamente demonizados por todos. Eles são xingados na televisão, no rádio e pelos familiares. Muitos pais que os xingam depois de o filho já estar viciado fizeram vista grossa quando seu pupilo chegava madrugada adentro sem dar nenhuma explicação ou aceitavam qualquer desculpa; não sabiam e nem queriam saber com quem andava. Esses mesmos pais fingiram que não percebiam a iniciação do filho com as drogas. Antes de culpar apenas o traficante, é preciso coerência no discurso. A formação de usuário e traficante é idêntica à geração de uma criança que, seja qual for o processo, ainda só é possível por meio de um homem e de uma mulher. Um é responsável pela existência do outro. Ao contrário do ovo e da galinha, entre usuário de droga e traficante, todo mundo sabe quem nasce primeiro.



Distorcem também quando se trata o usuário apenas como vítima de tudo, o cordeirinho, sem nenhuma responsabilidade pelo caos em que transforma sua própria vida. Quem defende essa posição se esquece do início do consumo, quando as pessoas que alertavam para o risco eram tachadas de caretas e sofriam todo tipo de deboche do grupo e do próprio usuário.



Outra defesa infantil é chamar o usuário de doente, sem mencionar que quis e é o responsável pela sua doença, pois nunca se nasce com o vício, como não há vírus que desenvolva o vício. O viciado de hoje foi o autossuficiente, o arrogante, o avançado de outrora.



Outro erro grosseiro foi a descriminalização do usuário, mas não a forma de aquisição da droga. Todas as formas de aquisição são criminalizadas. Seria complicada a situação de um policial que se depare com uma pessoa comprando droga para consumo próprio. Como não se pode ter um vendedor para cada usuário, estes seriam liberados e o traficante preso. Configura uma dicotomia inexplicável e incoerente.



Concomitante a um debate coerente sobre o tema, as autoridades deste país devem ser forçadas pela sociedade a criar e aparelhar clínicas de tratamento. Ora, o avanço tem que ser gigantesco, total, pois este país nem sequer cuida dos não viciados, que morrem todo dia nos hospitais públicos sem atendimento. Recife é apenas o exemplo recente, onde mais de mil pessoas que precisaram, mas morreram antes de chegar a uma Unidade de Tratamento Intensivo - UTI. Sobre estes, o então presidente Fernando Henrique Cardoso se fez, fez pouco, e nunca pronunciou uma palavra em defesa deles.



Como diz o Jô Soares, sem repetir, e já repetindo, a maconha é a porta de entrada para todas as outras drogas, o enfrentamento deve ser idêntico ao da morte. Mesmo que se tenha certeza da derrota, deve-se combatê-la sempre. Se apenas a legalização resolvesse o problema, antes de descriminalizar o consumo da maconha, dever-se-ia descriminalizar o assassinato. Quem sabe teria solução esse probleminha que mata mais de 40 mil por ano no Brasil.

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quarta-feira, 22 de junho de 2011

A responsabilidade da informação Na Internet


A responsabilidade da informação

A notícia de que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, seria filho de Chico Buarque, publicada por um site, que se apresenta como portador de notícias falsas, ganhou ares de verdade, foi replicada nas redes sociais e exigiu um desmentido da mãe do governador, a deputada federal Ana Arraes, para por fim à questão, que envolveu a dignidade da família e do compositor.

O episódio envolve uma vez mais a responsabilidade da informação e até que ponto sites e blogs se misturam com fontes tradicionais de notícias, sendo encarados da mesma maneira pelos que os lêem. O surgimento da internet e a explosão de sites e blogs contribuiram para a democratização da informação e precisam ser acompanhados pela responsabilidade sobre o que publicam. Ao criar um site ou blog, seu autor ou autores tornam públicas suas opiniões. Podiam as manter reservadas se assim desejassem. Mas ao optarem pelo caminho oposto devem se responsabilizar pelo que escrevem.

Durante a última campanha presidencial, muitos blogs apócrifos surgiram na internet para atacar candidatos. São recursos vis e covardes, de quem não tem coragem de assumir sua posição política e se esconde no anonimato. Muitos foram desvendados, revelando para quem operavam e a que interesses serviam. Faltaram as punições, que precisam ser pensadas pelos tribunais eleitorais para que tais abusos não se repitam.

Quando avançam para publicar notícias, blogs e sites precisam de uma estrutura para fazê-lo. Gente para apurar, para checar a informação e, por fim, publicá-la com segurança. Enfim, um trabalho jornalístico a que a maioria das pessoas não está habituada. Se a pressa do tempo real já leva a erros em uma estrutura jornalística montada, a possibilidade aumenta exponencialmente em "redações" menores, muitas vezes de um homem só. Sites e blogs se tornaram fontes de informação relevantes para a sociedade e precisam se dar conta disso.

O que aconteceu em Pernambuco virou notícia ao largo dos tradicionais meios de informação. Boatos da suposta paternidade de Chico Buarque já circulavam na cidade, mas, até onde sei, nenhum jornal os levou adiante. A notícia de que o compositor teria descoberto ser o pai do governador foi publicada no site Diário Pernambucano e poderia ter morrido ali. Afinal, o site se apresenta como uma publicação de humor, "de notícias fake (falsas)" e, portanto, não é para ser levado a sério. Mas a capacidade das pessoas distinguirem o que é sério ou não na grande rede não está muito clara e o que nasceu para ser uma brincadeira acabou virando coisa séria.

Não consegui ver a "notícia" como ela foi publicada. Mas examinando o site, fica clara a sua proposta e não deveria haver espaço para interpretações equivocadas. O prejuízo foi grande para todas as partes envolvidas. A família do governador pediu que o que considerou crime seja investigado e as pessoas responsáveis pela notícia já teriam sido identificadas. O site publica que "devido aos últimos acontecimentos", decidiu excluir "as notícias que forjam a fala inexistente de pessoas de imagem pública" e pede desculpas, afirmando não ter pretendido ferir "a honra de qualquer cidadão".

"Continuaremos fazendo um jornalismo fantástico cada vez mais genérico, ponderando quem realmente deve e quem de fato não deve estar entre nossas notas", diz a nota do site, mais uma vez deixando claro o seu caráter.

Como se vê pela nota, o episódio serviu de lição para o que o site publica. Mesmo brincadeiras têm limites. E quem decide se envolver com sites e blogs precisa saber que tem direitos e responsabilidades, com repercussões jurídicas



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Após prisão de prefeito de Taubaté, outras cidades da Grande São Paulo e Interios Vem sendo investigada

O secretário de Assuntos Jurídicos de Taubaté, Anthero Mendes Pereira Junior, responde temporariamente pela Prefeitura da cidade do interior de São Paulo após a prisão do prefeito, Roberto Peixoto (PMDB), nesta terça-feira (21). Peixoto, a primeira-dama, Luciana Peixoto, e o antigo chefe do departamento de compras e licitações Carlos Anderson foram detidos durante a Operação Urupês, da Polícia Federal (PF), que investiga fraudes em licitações no município.




A vice-prefeita de Taubaté, Vera Saba, não assumiu o cargo porque a Lei Orgânica do município prevê que o secretário de Assuntos Jurídicos é quem assume a Prefeitura quando o titular se afasta por um período de até dez dias. Após esse prazo, caso o prefeito continue afastado, Vera deverá ser empossada.
saiba mais



Advogado do prefeito de Taubaté diz que prisão foi 'desproporcional' Prefeito e primeira-dama de Taubaté são levados para sede da PF Segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura, Pereira Júnior vai ficar responsável por ações como nomeações de servidores, liberação de pagamentos e também pelo andamento de licitações. Além disso, segundo a assessoria, casos específicos poderão ser apreciados pelo próprio prefeito Roberto Peixoto, que mesmo preso continuaria despachando.



O advogado do prefeito e da primeira-dama, Alfredo José Gonçalves Rodrigues, disse nesta terça que a prisão temporária do casal foi ‘desproporcional’. O casal e Carlos Anderson foram levados para a sede da PF em São José dos Campos, também no interior paulista.



“As investigações ocorrem desde julho de 2009. O prefeito nunca foi intimado para depor, e, se fosse, compareceria. Ele não se ausentou nem não viajou”, disse. O advogado afirmou que o prefeito e a primeira-dama são inocentes e que ainda não existem provas



Operação

O delegado da Polícia Federal em São José dos Campos, Ricardo Carneiro, que conduz o inquérito, disse que o caso está sem segredo de Justiça. Por isso, não pode divulgar detalhes e nomes na operação. Carneiro disse, no entanto, que as investigações tiveram início depois da denúncia de um ex-assessor da Prefeitura em 2009.



Segundo ele, depois da representação oferecida pela Polícia Federal, que atua em conjunto com o Ministério Público Federal, o Tribunal Regional Federal expediu três mandados de prisão temporária e 13 mandados de busca e apreensão, sendo dez em Taubaté e três em São Paulo.



Das três empresas investigadas no esquema das fraudes, o delegado disse que uma não tinha sede e nem telefone. “Os contratos são de altos valores, e o que chama a atenção são dispensas de licitações de contratos nos valores de até R$ 30 milhões. Isso vai ser verificado”, afirmou o delegado. Segundo ele, foram apreendidos apenas documentos pertinentes à investigação.



A Operação Urupês foi batizada com esse nome em homenagem à obra de Monteiro Lobato, de acordo com a Polícia Federal. As investigações começaram em 2009 para apurar o desvio de recursos repassados pelo governo federal. Participaram da operação 54 policiais federais. Os suspeitos são investigados por crimes de fraude à licitação, formação de quadrilha, corrupção ativa, corrupção passiva, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. “A suspeita é que o esquema funcione desde 2007”, disse o delegado.
segundo a promotoria publica do Federal ,varias prefeituras da grande São Paulo e Intereior ja vem sendo investigada no mesmo esquema Pela Policia Federal e Promotoria Publica Federal ,mais correm em segredo de Justiça.
Um escândalo no interior de São Paulo. A prefeitura de Taubaté está sendo investigada por denúncias de fraudes em licitações de remédios e merenda escolar.




O prefeito Roberto Peixoto está sendo investigado pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal desde 2009. Ele, a mulher dele, Luciana Peixoto, e o ex-diretor de compras da prefeitura Carlos Anderson são acusados de fraudes em licitações para fornecimento de merenda escolar e medicamentos ao município. Contratos com três empresas, uma em Taubaté e duas em São Paulo, estão sendo investigados. Eles foram firmados a partir de 2007 e somam aproximadamente R$ 30 milhões.



“Estamos analisando se a licitação foi feita de forma adequada, dentro do que exige a lei. Vamos analisar se houve superfaturamento da merenda. Em relação ao gerenciamento do medicamento na rede estadual de saúde, a empresa que foi por último contratada não tinha sede, não tinha equipamentos de informática, não tinha sequer um telefone”, afirma o delegado da Polícia Federal.



Mais de 50 policiais cumpriram 13 mandados de busca e apreensão em Taubaté e em São Paulo. Os três suspeitos foram presos e prestaram depoimento em São José dos Campos. De lá, foram levados para a carceragem da Polícia Federal em São Paulo Ricardo Carneiro.



A Polícia Federal pediu a prisão temporária dos acusados para que eles não atrapalhem as investigações. Eles podem responder por crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção.



“Durante todo esse tempo o prefeito nunca foi intimado para nenhum ato que comparecesse na Polícia Federal a respeito desse fato. Essa foi uma medida desproporcional”, relata o advogado do prefeito, Alfredo Gonçalves Rodrigues.



Carlos Anderson ainda não tem advogado e a família dele informou por telefone, que não irá falar sobre o assunto.








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terça-feira, 21 de junho de 2011

Cantor Jota Lennon a Nova revelação da Música Sertaneja

Carreta Roubada da Transgires Transportes Ltda

Uma carreta tipo BAÚ, 3 eixos tipo Vanderlea, cor PRATA, placa API-3196 – Curitiba/PR.




Roubada em São Gonçalo do SapucaÍ-MG – Rod. BR 381 – Fernão Dias



Pertence à empresa Transgires Transportes Ltda.

Qualquer informação ligar para 11 – 44473053 (filial em Cajamar/SP) Sr. Gregório ou 41 – 32271005 ou 11.3843.111 emissora XFM  98,9  (matriz em Curitiba-PR) Sr. Willian

Atenciosamente,

Claudia Polli Schmidt

Gestão Administrativa


(11) 4447.3390

(11) 7417.8349

(41) 8884.7622
Nextel 134*24497









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segunda-feira, 20 de junho de 2011

O cinema, a tevê e o emburrecimento geral


Ando mesmo convencido, e cada vez mais, de que, para o bem da circulação das ideias e da proposição saudável do contraditório, não devemos “partidarizar” certos assuntos com tratamento maniqueísta ou fundamentalista que não ajuda a esclarecer e estigmatiza posicionamentos em função da coloração política de seus autores. Falo isso, hoje, a propósito de uma crônica do Arnaldo Jabor, que ouvi há dias na CBN, em que ele fazia considerações sobre o filme “Se beber não case II”.


Geralmente, quando o Jabor abre a boca para falar de política (ou seria o bico, pelo viés tucano de suas palavras?), minha tendência é discordar dele em gênero, número e grau, porque, a meu juízo, nesse campo ele se incorpora ao pensamento neoliberal com o qual jamais virei a compactuar, nivelando-se ao grupo “global” de uma mídia que quer ser um partido político sem os ônus de sê-lo e sob o disfarce da “crítica de interesse público”.

Contudo, não nego ao jornalista/cineasta o brilho intelectual que possui. Isso seria a tal visão maniqueísta que não pretendo manifestar. Assim, e voltando à sua crônica, participo do que ali ele disse sobre o filme, na realidade um exemplo por ele escolhido para falar da mediocridade que cerca a maior parte dos filmes que chegam aos circuitos brasileiros, geralmente americanos, do tipo “besteirol”, em um apregoado apelo popular que, na verdade, é um primado de idiotice e, por isso, emburrecedor.

Joãozinho Trinta, em certa oportunidade falsamente guindado pela mídia à condição de “filósofo popular”, teve repercutida frase a ele atribuída de que “quem gosta de miséria é intelectual, pobre gosta de luxo”, para justificar a descaracterização dos elementos populares nos desfiles das escolas de samba, marcados por apoteóticos efeitos especiais. É óbvio que não apenas as camadas populares, mas qualquer cidadão normal, não pode mesmo gostar de miséria. Mas isso não quer dizer, por via de consequência, “gostar do luxo”, do supérfluo, e sonhar com o fausto e a ostentação, trocando, pelo devaneio, a realidade concreta a modificar no plano social. Na verdade, o que o povo quer, aquilo pelo qual deve ser estimulado a lutar, é paz, educação, saúde, dignidade, cidadania.

Essa enxurrada de filmes de quinta categoria, que tratam do escatológico, valorizam o pornográfico e constroem a imbecilidade travestida de humor, apenas reproduz, a meu ver, um processo crônico, tão velho quanto o mundo, de desqualificação e emburrecimento das grandes massas populares, através do empobrecimento cultural.

Sempre souberam disso os poderes estabelecidos constituintes do assim chamado “sistema” – algo que passa por cima de governos e de siglas partidárias, como guardiões do “status quo”. Desde sempre, vêm “alimentando” o povo com futilidades a baboseiras que o convidam a rir (talvez de si mesmo), divertir-se com a vulgaridade e o ridículo, mas nunca a refletir. Isso vem do “pão e circo” romano, passa pelo ópio na China, chega às mídias “amortecedoras” de hoje. É um estranho amortecimento, que envolve ensandecidas corridas de carro, centenas de disparos e montões de corpos ensanguentados, às vezes em 3D...

O Jabor não falou – e acho que não falaria – que não é só no cinema que assistimos a esse festival de coisa alguma que enche de nada as cabeças e convidam a não chegar a qualquer lugar. O que dizer, por exemplo, da nossa programação da tevê aberta, com sua zorra total, seus caldeirões e outros “ões”, suas fazendas e big brothers, chaves, ratinhos e outros bichos? O que falar da missão que cumprem as atuais novelas da tevê, numa sucessão que cobre todo o horário nobre com suas previsíveis futilidades e falsas preocupações? Uma novela “digestiva” para a noite dos brasileiros, vá lá... Mas quatro seguidas é demais... Impossível que não seja intencional...

Um povo se fortalece na educação, isso já virou lugar-comum. Mas educação é tema que permeia diversos segmentos que compõem o espectro social e tem muitos atores. Ninguém ousa falar de cultura como um bem de apropriação exclusiva nas escolas. Uma letra do cancioneiro popular afirma que “samba não se aprende no colégio”, a mostrar que certos valores culturais estão no cotidiano, no interagir diário.

O cinema, a tevê, o rádio são alguns dos veículos auxiliares da disseminação desses valores. Mas não são entes mágicos, demiurgos, ou algo assim. Têm, atrás de si, homens de carne e osso que pautam suas programações e firmam sua ideologia. E se o objetivo dessas pessoas é a manutenção de um processo de empobrecimento cultural que serve às elites que elas representam – através dos filmes que o Jabor critica e da formação subliminarmente perversa das grades da tevê – quem trabalha em educação, como eu, só pode lamentar. E, mais que isso, denunciar.

É claro que o cidadão pode decidir não ir ao cinema, ou escolher filmes de qualidade, que os há. É óbvio que qualquer um pode desligar a tevê ou nela buscar uma programação alternativa, que ainda existe. Mas todos sabemos a força dos processos de massificação e como é difícil alguém escapar das técnicas e métodos de propaganda que fazem muitos engolir gato por lebre e, para dar um exemplo no âmbito da música popular, trocar o “ponha-se a pensar” das composições de ontem por um “tira o pé do chão” dos “sons” de hoje.

Romper esse círculo vicioso e viciado que empobrece a mente dos brasileiros é tarefa hercúlea, sem grandes possibilidades de êxito, tal o rolo compressor que nos esmaga. Mas é preciso insistir...


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Flavio Carvalho mente


Aqui o vergonhoso ato de condenação promulgado por um Conselho que reune vários religiosos, que pelo visto pregam o ódio em vez do perdão.




Prezado Conselheiro Suplente Rui Martins,



venho através desta manifestar a decisão da maioria dos Conselheiros Titulares do CRBE em acatar a vossa solicitação com as seguintes ponderações da vossa parte:



1) Comunicação pública reconhecendo que houve excesso nas criticas ao CRBE;



2) Manifestação sobre reconsideração do CRBE na coluna ¨Direto da redação¨, facebook e outros canais de comunicação;



3) Destacar a ¨seriedade e equilibrio¨ do CRBE no encaminhamento das demandas dos brasileiros residentes no exterior, um fato concreto é o Plano de Ação elaborado na reunião de trabalho em Brasilia;



4) Reafirmar que o encaminhamento da abertura do processo administrativo junto ao MRE fora feito de forma consciente e responsável por todos os Conselheiros Titulares;



5) Ter a clareza de que o aceite do pedido manifestado através do e-mail intitulado ¨Compromisso pela Pacificação¨ não se trata de declaração do CRBE ter agido de forma irresponsavel em relação a solicitação de abertura do processo administrativo encaminhado ao MRE.



6) Os itens citados acima deverão constar no comunicado oficial a ser encaminhado pelo Conselheiro Rui Martins para o MRE (resposta da notificação recebida).



Apesar do e-mail ter sido direcionado para a Presidencia do CRBE, a consulta dirigido a todos os integrantes titulares foi necessário para a tomada de decisão seja coletivo.



Atenciosamente,



Carlos Shinoda, Presidente do CRBE



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Drogas não tão legais



Miami (EUA) - O caso mais ilustrativo é o Dr. Conrad Murray, médico de Michael Jackson, que enfrentou um verdadeiro pesadelo após a morte do ídolo da música pop, quando a necrópsia indicou que MJ havia inserido uma quantidade excessiva de remédios, demonstrando claramente que o cantor não estava tomando pílulas para se tratar de alguma doença, mas sim consumindo-as como se fossem drogas “legalizadas”, até porque ele as comprava sob prescrição médica.


Parece, no entanto, que o comportamento do Dr. Murray não é tão incomum no meio médico norte-americano. Em busca de dinheiro fácil, muitos profissionais abrem as chamadas clínicas de Care Pain Management, cujo objetivo, em princípio, seria fornecer medicamentos para aliviar as dores insuportáveis que os pacientes estariam sofrendo.

No entanto, as tais clínicas não passam mesmo de centros de fornecimento de drogas para pessoas viciadas em consumo excessivo de remédios, um hipocondríaco cujo organismo está viciado em receber altas doses de anfetaminas, barbitúricos, psicotrópicos e afins.

Por serem medicamentos com venda restrita, os órgãos regulamentadores da Saúde autorizam apenas profissionais médicos a prescrever as receitas. O problema é exatamente controlar quem está agindo de maneira realmente profissional e consciente e quem está usando seus conhecimentos para ganhar dinheiro de maneira ilícita e, pior ainda, colocando em risco as vidas dos pacientes, mesmo aqueles viciados em medicamentos que são ao mesmo tempo vítimas e cúmplices destes procedimentos.

Depois do governador da Flórida, Rick Scott, ter assinado este mês uma lei que entrará em vigor em 1º de julho, os policiais estão agindo com mais efetividade para descobrir quais clínicas estão adotando estas práticas ilegais e prendendo os médicos que estão violando a lei.

A lei proíbe médicos de vender pílulas em suas clínicas ou consultórios, e aqueles que prescreverem receitas acima do normal serão suspensos. A lei alcança também as farmácias e as distribuidoras de medicamentos que podem ser punidas, caso não comuniquem às autoridades as prescrições de receitas suspeitas. Ou seja, é um verdadeiro cerco para tentar diminuir este tipo de droga.

Não tem sido tão difícil para os policiais encontrar os contraventores. Num caso recente, policiais disfarçados de clientes obtiveram as tais pílulas proibidas sem maiores problemas. A única preocupação da clínica era exatamente cair na armadilha de um policial disfarçado, o que ironicamente veio a ocorrer.

Neste caso, em particular, o médico que prescrevia as receitas para aquisição de pílulas para aliviar as dores dos, digamos, pacientes é (ou era, possivelmente terá sua licença cassada) um ofttalmologista, especialidade médica pouco condizente para ministrar medicamentos para combater as dores, a não ser, é claro, se o paciente for fizer uma cirurgia nos olhos.

Esse é mais um exemplo de como a ganância do ser humano supera a ética e o profissionalismo em troca de mais dinheiro. Agora, a casa e os carros luxuosos não terão muita utilidade ou apenas servirão de moeda de troca para pagar advogados. Realmente, o crime não compensa. Pelo menos, aqui.



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Uma explicação ao leitor



Rio – Em rigoroso respeito ao leitor Ricardo Carvalho, que fez um comentário a respeito de minha última coluna, aqui no Direto da Redação, faço a mais fechada e absoluta questão de reafirmar que o exitoso jornalista Valdir Figueiredo trabalhou por uns tempos na Tribuna da Imprensa, à Rua do Lavradio. Valdir Figueiredo, depois de brilhar no Caderno de Automóveis do Jornal do Brasil, embora já combalido em matéria de saúde, foi dispensado pelo JB e tentou prosseguir sua carreira na TI, chefiando um nada mais do que fracassado Caderno de Automóveis no jornal de Hélio Fernandes, em meio à década de 90, quando eu era Editor-Chefe do matutino.


Confesso que não sei ao certo qual o acerto que Valdir Figueiredo fez com Hélio Fernandes, Hélio Fernandes Filho e Mário Rolla – este último encarregado de captar publicidade para a Tribuna, que, à época, tinha a modestíssima tiragem de seis mil exemplares. Não sei se Valdir Figueiredo tinha salário, recebia apenas colaboração, ou, talvez, uma percentagem nos anúncios de automóveis que supostamente conseguisse para o jornal. Sei apenas – porque presenciei a cena – que Mário Rolla cobrou com rigor de Valdir Figueiredo a obtenção de pelo menos dois veículos que passassem a servir como carros de reportagem da Tribuna.

Aqui cabe a pergunta: por que eu, como Editor-Chefe do jornal, desconhecia essas combinações, inclusive a da criação de um Caderno de Automóveis? Simplesmente porque tratava apenas da parte editorial da Tribuna, não tendo uma única e escassa participação na área comercial do jornal de Hélio Fernandes – de quem, por sinal, não tenho a menor queixa. Pelo contrário: em meio aquele turbilhão de problemas financeiros, fui enviado à Alemanha (já reunificada) para escrever um caderno especial sobre os 50 anos do encerramento da II Guerra Mundial.

Creio eu – e aí o leitor Ricardo Carvalho tem razão – que Valdir Figueiredo não conseguiu publicidade para o Caderno de Automóveis ou qualquer anúncio para o primeiro caderno da Tribuna. Daí, sua saída repentina – de licença ou férias – e o acúmulo, para mim, sem receber um reles tostão a mais, a responsabilidade de editar o tal suicida Caderno de Automóveis. Como não tinha tempo para fazer as duas coisas, pedi que o jornal contratasse um jovem jornalista (Carlos Alberto), que trabalhara comigo em O Dia e mostrara competência e seriedade nas editorias Nacional e Internacional, que eu chefiava, do periódico da Rua do Riachuelo – hoje tão combatido nas bancas pelo Extra, do grupo Marinho.

Foi por causa de Valdir Figueiredo que tive duas surpresas: a primeira de sua saída, naturalmente pelas pressões que recebia dos homens fortes da Tribuna; a segunda, com sua repentina volta – por um dia apenas – para dizer a Hélio Fernandes Filho que eu queria tomar o lugar dele à frente do Caderno de Automóveis. Tratava-se de uma deslavada mentira, até porque, já disse isso aqui, de automóveis, além de trocar pneus vez por outra, eu só sabia dirigi-los. Guardei essa mágoa de Valdir Figueiredo (já falecido), que, há tempos imemoriais, foi o primeiro jornalista a me passar um trote quando fui contratado pelo Jornal do Brasil, ainda na Avenida Rio Branco.

Como diria o narrador de turfe da Rádio Jornal do Brasil, Theófilo de Vasconcelos, ‘está pois confirmada a nossa reportagem...’


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Encontro de trogloditas políticos


Silvio Berlusconi foi repudiado nas urnas perdendo em um plebiscito tudo que defendeu diante dos eleitores. 96% se posicionaram em favor da revogação das leis do governo sobre privatização dos serviços de abastecimento d’água, volta da produção da energia nuclear e, ainda por cima, a definição clara do fim da lei que permite ao presidente do Conselho de Ministros e aos ministros serem julgados sob a alegação de compromissos institucionais.


Uma semana antes, Berlusconi perdera em eleições regionais, inclusive no seu reduto de Milão. Quer dizer: os italianos, que compareceram em bom índice (56%) às urnas, na prática deram a resposta sobre o que passaram a achar do presidente do Conselho de Ministros. Mas ele pretende dar a volta por cima utilizando mais uma vez a vendeta sobre Cesare Battisti, apelando para o Tribunal de Haia. Esperneia para consumo interno, porque qualquer jurista sabe muito bem que não aconteceu nenhuma violação do tratado entre Brasil e Itália. Depois do possível arquivamento da solicitação, Berlusconi ficará totalmente sem bandeiras. Como a decisão demora, é possível que até lá o troglodita tenha caído.

Na semana passada, Berlusconi recebeu a visita de outro troglodita político, o primeiro-ministro israelense Benyamin Netanyahu e se posicionou contra o Estado Palestino, tema que será apresentado nas Nações Unidas em setembro. Os dois extremistas se entenderam as mil maravilhas. Percebendo que o reconhecimento do Estado Palestino em setembro poderá acontecer, Netanyahu, navegando contra a opinião pública mundial, tenta convencer dirigentes europeus a não aceitarem a criação do Estado Palestino, que deveria ter acontecido em 1948 quando da criação do Estado de Israel.

O governo extremista de Israel usa de sofismas para evitar a reparação de uma injustiça histórica com um povo sem padrinhos como os palestinos. O atual presidente dos Estados Unidos, maior aliado de Israel, se posicionou em um primeiro momento pela volta às fronteiras anteriores a 1967. Pressionado, Barack Obama voltou atrás afirmando ter sido mal interpretado etc e tal.

Netanyahu foi recebido no Congresso estadunidense sendo ovacionado efusivamente tanto por Democratas como por Republicanos. Por estas e muitas outras, é bastante questionável os Estados Unidos continuarem como mediador entre palestinos e israelenses. Para começar um entendimento para valer seria fundamental que o governo israelense aceitasse retirar os colonos dos assentamentos em território palestino. Partidos extremistas apoiadores de Netanyahu não aceitam essa premissa. Muito pelo contrário, até estimulam, porque nunca abandonaram o projeto do Grande Israel.

O Hamas e Al Fatah estão unidos, depois de muitos anos de desentendimentos, inclusive com confrontos sangrentos. Chegaram à conclusão de que unidos são fortes e desunidos favorecem a eternização de um estado de coisas que lhes tem sido desfavoráveis.

Em termos de algum eventual acordo entre israelenses e palestinos, a unidade, ao contrário do que afirma o troglodita político Netanyahu, é favorável. Antes disso, Israel negociava apenas com um setor. A partir de agora o fará, se é que o fará, com um único grupo. E os palestinos já disseram que as negociações ficam por conta dos que já negociavam com os israelenses, ou seja, os integrantes da Al Fatah. E qualquer acordo seria firmado pelo governo unido. Mas, concretamente, o acordo está cada vez mais difícil.

Como Netanyahu e os seus não querem uma paz com dignidade para todos, utilizam argumentos dos mais variados, exatamente para impedir qualquer entendimento. Aí acontece a manifestação dos parlamentares estadunidenses dando todo apoio ao troglodita político israelense, fortalecendo as pretensões expansionistas dos sionistas.

A continuidade do governo Netanyahu, que tem como Ministro do Exterior Avigdor Liberman, um desclassificado que prega abertamente o extermínio de árabes, é realmente fator impeditivo de qualquer acordo entre israelenses e palestinos.

E por estas bandas, dois ex-presidentes. José Sarney e Fernando Collor de Mello defendem a manutenção de certos documentos eternamente. A Presidenta Dilma Rousseff, inclusive contrariando o PT, embarcou na onda em apoio às Forças Armadas e Itamaraty, além dos políticos que sempre esconderam o jogo quando governavam, como o camaleão Sarney, o político que adota a filosofia do hay gobierno soy favorable e Collor, que agora segue o mesmo caminho. Dilma colocou em pauta o fato de documentos sobre direitos humanos não poderem permanecer sigilosos. E quem garante que serão todos apresentados à nação e não catalogados como “prejudiciais à soberania nacional” ou algo do gênero?

Esse tipo de posicionamento dá margem à interpretação de que no fundo, bem lá no fundo, Sarney e Collor têm rabo preso, ou seja, não querem que certos fatos, talvez escabrosos, do período em que governavam venham à tona. Ou mesmo evitar que episódios desnudando o comportamento de políticos ainda vivos sejam mostrados ao público.

E manter documentos secretos eternamente é uma afronta à história. Até hoje, por exemplo, o Brasil ainda tem em seu poder material paraguaio surrupiado durante a guerra da Tríplice Aliança no século XIX. Por que não devolver? Por que manter fechado a sete chaves eternamente documentos do período em questão e de outros? A quem interessa isso e de que forma a revelação poderá prejudicar relações entre países?

Inadmissível é esfriar o debate em torno da criação da Comissão da Verdade


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A maconha é nossa


Como profissional da área jurídica, nunca fui avesso à evolução das soluções para por fim aos conflitos judiciais e extrajudiciais, com adoção de medidas progressistas. Pelo contrário, no curso da minha longa carreira, engendrei várias, algumas com sucesso, e cheguei a sugerir outras a terceiros. Entretanto, preocupa-me o rumo que o nosso Direito, como um todo, está tomando, diante de recentes julgamentos do STF. Refiro-me agora, especificamente, à liberação das "marchas da maconha", para descriminalização da droga, tidas como livres manifestações do pensamento, que não podem ser obstadas pelas autoridades públicas, civis e militares.


Embora coubesse entrar fundo no mérito da questão, não pretendo fazê-lo, salvo para dizer que, doravante, nada a estranhar se outras "marchas", também a título da "livre manifestação do pensamento", vierem a ser realizadas, pedindo descriminalização do "chazinho" de folhas de coca e da venda de lança-perfume. Comentaristas radiofônicos já falam em "marchas do nazismo e da pedofilia". De fato, ou há, ou não há, "livre manifestação do pensamento", salvo se, em outro julgamento destemperado de um tribunal, for elaborada uma lista das manifestações de pensamento livremente permitidas !

Admitindo-se que o uso e o comércio da maconha venham a ser descriminalizados, como ficaria esta droga perante o fumo, já que, basicamente, é "consumida" tal qual o cigarro de tabaco ? Pela lógica, o tratamento deveria ser o mesmo: rigorosa proibição de "consumo" em ambientes públicos, abertos e fechados. Assim, a exemplo do cigarro de tabaco, o consumo da maconha, praticamente, restringir-se-ia aos ambientes domésticos. Ora, como não é sempre que a polícia adentra em casas particulares, para verificar se os seus ocupantes estão consumindo maconha, a almejada descriminalização desta droga tem por objetivo seu consumo em público, sem que os usuários sejam "molestados" pelas autoridades. Como conseqüência, uma vez equiparada ao tabaco, estabelecer-se-ia um circulo vicioso, com novas e sucessivas marchas liberatórias.

Quem se dispuser a ler, atentamente, o resumo do voto vencedor nesse julgamento, da lavra do Ministro Celso de Mello, publicado no noticiário da imprensa, sendo habitante da cidade de São Paulo, deve ficar alerta e alarmado. A liberação das "marchas da maconha" foi mais ampla do que se imagina. Se podem, obviamente, ser realizadas em qualquer município do país, então, por que a minha referência à cidade de São Paulo ? Por que, gostem, ou não, é nela que tudo acontece. Não acontecendo na capital paulistana, não acontece no resto do Brasil.

Até aí, tudo bem, mas, qual o motivo do alarme ? Para o STF, as autoridades públicas não poderão estabelecer o que se convencionou denominar "restrição" à realização de tais marchas, devendo apenas vigiá-las, para garantir a segurança dos manifestantes, salvo lesão ou perturbação da ordem pública. O que isto significa ? Significa que em qualquer dia, hora e local podem ocorrer novas "marchas da maconha", de preferência, claro é, na Avenida Paulista. Meia dúzia de gaiatos causarão grave transtorno para toda cidade e sua população ordeira, com o caos de trânsito, que se estabelece naquela agitada via, com permanente circulação de veículos.

O tamanho do estrago vai além. Extrapolando sua competência funcional, o STF está, implicitamente, castrando os poderes das autoridades constituídas de São Paulo e de outras cidades, no que se refere ao exercício da organização e disciplina político-administrativa dos seus municípios. Que elas, autoridades, não possam proibir a realização de marchas para livre manifestação do pensamento, vá lá. Seria inconstitucional. Porém, mais inconstitucional ainda, no caso, é subtrair da competência dos municípios o direito de "legislar sobre assuntos de interesse local" (artigo 30, inciso I, da Carta Magna), como seria a criação de normas para essas manifestações, que deveriam ser realizadas em dia, hora e local previamente autorizados.

Livres manifestações do pensamento não dependem, exclusivamente, de marchas e estas, por sua vez, não dependem, exclusivamente, da Avenida Paulista. Outros atos públicos podem ser realizados, em diferentes locais. Quando tais marchas ocorrem na Avenida Paulista, dá-se um verdadeiro confronto entre o direito dos manifestantes e o direito de ir e vir dos motoristas e respectivos passageiros dos veículos, o primeiro sempre em minoria. Entretanto, se as autoridades designarem outro local para realização do evento "marcha", seus organizadores podem alegar que isso constituiria uma forma de "debilitar" ou de "esvaziar" o movimento, também "proibida" no julgamento do STF. Embora nascido na pacata cidade de Tatuí, interior do Estado de São Paulo, o zeloso Ministro Celso de Mello, certamente, não ignora e deveria levar em conta, no seu voto, referido duelo.

Não é somente o nosso Direito que está sendo fragilizado, mas, também a nossa democracia, até porque, convenhamos, marchas da maconha nada têm em comum com movimentos populares reivindicatórios de melhores condições de vida e de transformações sociais.



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Dinheiro não traz competência



No tempo em que a Globo era dona sozinha do pedaço, quando sua audiência oscilava entre 70 e 80%, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, a quem muitos creditam o sucesso da quase “imexível” grade de programação da emissora, costumava responder aos que vinham lhe falar do uma nova e sensacional atração de uma concorrente: “as outras emissoras são as mais vistas nos jornais”.


De fato, volta e meia uma ou outra emissora aparecia com um produto novo que trêfegos colunistas de jornais e revistas já adiantavam que a supremacia da Globo estava ameaçada. Mas Boni tinha razão, eram apenas espasmos que logo logo caíam no esquecimento e a poderosa do Jardim Botânico seguia incólume em sua marcha vitoriosa de líder absoluta.

Hoje os tempos são outros. A audiência da Globo já não é a mesma, sua média mensal não passa dos 20 pontos. Não devido ao crescimento da concorrência, simplesmente porque a emissora, embora líder absoluta, perdeu público com a chegada de novas mídias, sobretudo a internet e suas impressionantes redes sociais. As demais emissoras seguem patinando abaixo de 8 pontos de média.

Antes que me acusem de estar defendendo a Globo, lembro que estou falando de au-di-ên-ci-a, não de conteúdo.

Muito bem, mas voltando ao ponto central da coluna, vamos tentar descobrir por que as outras emissoras fazem o diabo para melhorar a audiência e não o conseguem.

Comecei falando do Boni e da grade da Globo, que há decadas praticamente não se move. Há uma espinha dorsal que alavanca e sustenta a programação do horário nobre. E a Globo se dá ao luxo de fazer experimentações em faixas horárias menos nobres, mas na espinha dorsal ninguém, nem o Doutor Marinho se estivesse vivo, mexeria. Se você perguntar a qualquer brasileiro o que vem antes e depois do JN, todo mundo sabe. Faça a mesma pergunta em relação ao SBT e à Record, certamente nem o bispo Macedo ou Silvio Santos saberão a resposta.

Com relação à Record, há um capítulo à parte que deve ser relembrado. Há cerca de 4 a 5 anos, a emissora deu uma boa avançada. Priorizava o jornalismo e seus índices de audiência eram tão promissores que o slogan “a caminho da liderança” se fortaleceu e parecia que a Globo finalmente teria uma concorrente à altura.

Mas eis que, de repente, em setembro de 2008, se não me engano, eles inauguraram o canal de notícias Record News, com a presença de Lula, Serra, Kassab e figuras de proa do empresariado paulista. Pois não é que na frente dessa gente toda e de toda a mídia, o bispo Macedo resolve fazer um discurso cheio de ódio, prometendo que os dias da Globo estavam contados?

A partir dali os bispos e filhotes de bispos que administram a TV da Barra Funda passaram a contratar a esmo, política que prevalece até hoje. Não importa a ética nem o custo. O importante é tirar das outras emissoras profisssionais que estão dando certo, mesmo que modestamente. Da Globo conseguiram tirar um ou outro, lá atrás. Hoje não tiram mais ninguém. As pessoas preferem ganhar menos na Globo do que três ou quatro vezes mais na rede dos bispos.

Conclusão, a bisparada se satisfaz hoje em tirar gente da Band e do SBT. A emissora virou uma colcha de retalhos, um verdadeiro Frankenstein, com pedacinhos do SBT, da Band, da Cultura e até da MTV. E o pior, aviltou completamente o mercado de trabalho, assediando profissionais com contrato em vigor sem nenhuma ética, mesmo que tenha que pagar a multa contratual pela rescisão do novo contratado. Pior ainda, é que as novas contratações não alavancam audiência nenhuma. Na verdade, trocam seis por meia dúzia, porque o recém-contratado não acrescenta nada aos números do Ibope, trazem no máximo os pontinhos que tinham na emissora antiga.

O caso mais recente é o do José Luiz Datena, que matou dois coelhos de uma só cajadada, segundo informação da mídia especializada. Datena, que já passou pela TV do bispos e saiu de lá dizendo cobras e lagartos, e até ameaçando descobrir “coisas da Record” ( Veja o vídeo ) , acaba de ser recontratado em condições excepcionais. A Record vai retirar a ação na Justiça contra ele e ainda vai pagar a multa rescisória à Band, no total a bagatela de 38 milhões de reais, foi quanto custou o passe do apresentador. Do salário, não se sabe ao certo. Há quem fale em 600, 800 ou até um milhão mensais. O que é perfeitamente viável, porque o Gugu foi levado do SBT para ganhar 3 milhões mensais na Record, limpos, sem despesas de produção. Enquanto a Record seguir essas aberrações, ela jamais vai chegar perto da Globo.

Outra aberração da Record: querer imitar a Globo até no lixão, caso do famigerado BBB. Pois não é que a Record resolveu criar a tal Fazenda, que reune falsas “celebridades” com a proposta de mostrar mais sacanagem do que o BBB? A diferença é que o BBB entra na grade de programação da Globo em horário que não fere a tal espinha dorsal a que me referi acima, enquanto a Fazenda, porque consegue audiência de dois dígitos, altera toda a grade da Record, os outros programas que se lixem, porque a prioridade passam a ser os “fazendeiros”, que entram em vários horários da manhã à noite, espalhando um clima de insatisfação generalizado entre as demais producões.

Do que foi dito, e poder-se-ia dizer muito mais, fica a lição: dinheiro não traz competência. Os milhões que caem dos céus para manter viva a rede do bispo não vão fazer milagre. Pastor é pastor, eles entendem de fazer dinheiro, só Deus sabe como, mas de televisão não entendem absolutamente nada



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Neymar, pai


Não são raros os casos do surgimento de filhos de pessoas famosas produto de envolvimento quando solteiras ou mesmo após o casamento. Nas décadas anteriores a incidência era maior, decorrência natural dos poucos meios de prevenção e até da falta de cultura na prevenção das gravidezes não planejadas.




No Brasil, e talvez no mundo todo, a prática do sexo seguro foi intensificada após o surgimento da AIDS no início da década de 80. Uma doença ainda incurável, que tem como meio de transmissão mais comum a relação sexual. Ou seja, o receio de contrair uma doença sem cura tornou-se o maior programa de planejamento familiar. Apesar do receio, até hoje há muita resistência à utilização de camisinha nas relações sexuais. Muitos homens casados infectaram suas esposas e os jovens até hoje não se previnem.



Ainda que em todas as épocas os jovens sempre tenham buscado projeção pessoal, fama e dinheiro, de uns anos para cá, essa busca se intensificou a tal ponto que, hoje, são os próprios pais que colocam a fama e dinheiro dos filhos como objetivos próprios. Todo pai pobre ou de classe média faz verdadeiros investimentos para realizar o sonho de ter um filho artista, jogador de futebol ou piloto de Fórmula Um; não pela realização, mas tão-somente para conseguir muito dinheiro.



Até aí o único erro é fazer seu projeto de vida à custa do esforço alheio. Mas, por se preocuparem demais em construir sua mina de dinheiro, os pais não se preocupam em transmitir valores éticos. Prevalece o vale-tudo. O jovem fixa a idéia de que deve se tornar rico para “comer” todas as “minas” possíveis, esnobar jóias e carrões, inclusive com a transgressão de todas as regras de trânsito, além de passar por cima de todos. Fala-se aqui de uma regra que, como todas, têm suas exceções. Neymar não se enquadra nessa exceção. Quanto ao “comer”, vou defender em artigo que a imprensa escreva as palavras literalmente como foram pronunciadas. Nada de mandou tomar no c. Tem que dizer em quê.



Neymar já atingiu o estágio de fama e de riqueza. Já se tornou ídolo nacional e já ganha muito dinheiro. Todos os jovens o seguem no corte, penteado e cor do cabelo; na gíria que utilizar e na comemoração do gol que ele fizer. A regra do vale-tudo pela fama também já alcançou as mocinhas deste país. E ter um filho de um famoso parece ser a realização de grande parte delas.



O Estado brasileiro permite legalmente que qualquer pessoa tenha quantos filhos desejar. Com Neymar não seria diferente, se suas ações não gerassem influência na juventude deste país. Os “neymarnias” deveriam ser alertados de que devem ter filhos quando tiverem condições financeiras para cuidar; e a grande maioria não tem.



Neymar costumar falar da boa relação com a futura mãe do seu filho. Isso denota que ele não a tem como uma companheira e deixa implícito que esse filho não foi programado. Eis aí o seu principal e talvez, único erro: não se cuidou suficientemente para evitá-lo. Pelo meio em que vive Neymar não faltou informação, não faltou dinheiro; faltou cuidado, tão-somente.



Não se tratou do cai-cai de Neymar em campo e a marcação, cerrada e justa, que os árbitros fazem em cima dele agora. A imprensa brasileira valoriza e ameniza essa conduta desleal, sob o pretexto da esperteza, que tanto mal faz ao Brasil em todas as áreas. Essa esperteza se reverteu e agora o maior prejudicado é Neymar. Esse jovem genial apenas se acostumou a essa prática, sem perceber o mal que fazia a si; mas isso não o exime do resultado pela prática de seus atos.



Trata-se apenas da paternidade do jovem, uma conduta pessoal, que diz respeito somente a ele; mas de sua influência social, ampliada nesses episódios pela massificação da mídia. Neymar deveria mencionar que o jovem só deveria ter filho quando planejasse, quando estivesse preparado material e psicologicamente e de que seu exemplo só serviria se fosse pelo inverso. Filho nunca deveria ser resultado de descuido, seja de famosos ou de comuns.




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