Brasileiro, o telespectador infantil
Lá se vão pouco mais de 60 anos desde a sua estreia. No dia 18 de setembro de 1950, em São Paulo, a TV Tupi foi a primeira emissora de televisão brasileira. Porém, apesar de sexagenária, boa parte de sua audiência parece continuar na primeira infância, fase que compreende do nascimento aos três anos de idade e é marcada pela dependência de terceiros, pelo egocentrismo e a repetição de gestos e hábitos para se sentir segura
Os exemplos mais recentes desta imaturidade foram o fim de “Passione”, a estreia de “Insensato Coração” e o retorno do “Big Brother Brasil”.
Um dos poucos autores que ainda tem meu respeito, Silvio de Abreu quase não ousou em “Passione”. Bons tempos em que ele brincava com as regras do folhetim, como em “Guerra dos Sexos”, “Sassaricando” e “A Incrível Batalha das Filhas da Mãe no Jardim do Éden”. O único abuso e afronta de “Passione” foi a pedofilia. O autor merece elogios por tratar de forma escancarada um tema tão delicado, e ainda contar com a excepcional atuação de Daisy Lucidi, a ‘velha porca’ Valentina Miranda.
Silvio de Abreu cedeu de vez ao comodismo em “Passione”. Não foi uma novela fraca, mas a trama ficou bem aquém de seus trabalhos mais recentes. O autor requentou sua fórmula de sucesso – thriller e comédia, com toques de melodrama. Funcionou, mas sem a magia de “Torre de Babel”, “A Próxima Vítima” e “Belíssima”.
O público notou a falta de criatividade de Silvio de Abreu. Nas redes sociais, milhares de telespectadores ficaram descontentes com o encerramento da trama. Porém, mesmo assim ofereceram uma audiência estrondosa para o último capítulo de “Passione”. Média de 52 pontos, com 75% dos televisores ligados sintonizados na novela.
Começa “Insensato Coração”. Gilberto Braga não é mais o mesmo. Seu texto está pobre. Logo nos primeiros capítulos, o autor já estabelece quem são os mocinhos e os vilões. Não há mais uma análise moral e ética dos personagens, como em “Vale Tudo”, atualmente em exibição na TV paga, ou em “O Dono do Mundo”.
A audiência mais uma vez nota o comodismo do autor, mas nem por isso deixa de prestigiar a novela. Na estreia, marcou 37 pontos, mesma média do início de “Passione”. Os telespectadores voltam a se comportar como uma criança na primeira infância.
Mas é com o “BBB’ que o telespectador brasileiro expõe por completo sua imaturidade. Há anos, boa parte da audiência repete a mesma ladainha. Dizem que o reality show é uma perda de tempo, que a televisão deveria investir em programas educativos e que a Globo contribui para a ignorância da população, entre outras bobagens panfletárias.
A campanha mais recente defende a troca do “BBB” por um livro. Ora, eu posso ler e assistir ao reality show. Que crime há nisso? Quem adere a essa pretensa campanha educativa quer apenas posar de intelectual. Sejamos sinceros: ninguém trocará o “BBB” por um livro. Nem mesmo por programas educativos.
Fosse assim, neste momento a TV Cultura e a TV Brasil estariam arrebentando na audiência. Apenas falácia de telespectadores que desejam parecer superiores aos demais, mas que no fim revelam seu comportamento infantil. Se sentem os donos da razão, precisam da aprovação de terceiros (olhem para mim, sou intelectual!) e dão sua espiadinha escondida no reality show. Afinal, quem não assiste ou pouco se importa com o “BBB” sequer se manifesta. Lê seu livro, vai ao cinema, ouve música ou dorme sem carregar bandeira alguma
Lá se vão pouco mais de 60 anos desde a sua estreia. No dia 18 de setembro de 1950, em São Paulo, a TV Tupi foi a primeira emissora de televisão brasileira. Porém, apesar de sexagenária, boa parte de sua audiência parece continuar na primeira infância, fase que compreende do nascimento aos três anos de idade e é marcada pela dependência de terceiros, pelo egocentrismo e a repetição de gestos e hábitos para se sentir segura
Os exemplos mais recentes desta imaturidade foram o fim de “Passione”, a estreia de “Insensato Coração” e o retorno do “Big Brother Brasil”.
Um dos poucos autores que ainda tem meu respeito, Silvio de Abreu quase não ousou em “Passione”. Bons tempos em que ele brincava com as regras do folhetim, como em “Guerra dos Sexos”, “Sassaricando” e “A Incrível Batalha das Filhas da Mãe no Jardim do Éden”. O único abuso e afronta de “Passione” foi a pedofilia. O autor merece elogios por tratar de forma escancarada um tema tão delicado, e ainda contar com a excepcional atuação de Daisy Lucidi, a ‘velha porca’ Valentina Miranda.
Silvio de Abreu cedeu de vez ao comodismo em “Passione”. Não foi uma novela fraca, mas a trama ficou bem aquém de seus trabalhos mais recentes. O autor requentou sua fórmula de sucesso – thriller e comédia, com toques de melodrama. Funcionou, mas sem a magia de “Torre de Babel”, “A Próxima Vítima” e “Belíssima”.
O público notou a falta de criatividade de Silvio de Abreu. Nas redes sociais, milhares de telespectadores ficaram descontentes com o encerramento da trama. Porém, mesmo assim ofereceram uma audiência estrondosa para o último capítulo de “Passione”. Média de 52 pontos, com 75% dos televisores ligados sintonizados na novela.
Começa “Insensato Coração”. Gilberto Braga não é mais o mesmo. Seu texto está pobre. Logo nos primeiros capítulos, o autor já estabelece quem são os mocinhos e os vilões. Não há mais uma análise moral e ética dos personagens, como em “Vale Tudo”, atualmente em exibição na TV paga, ou em “O Dono do Mundo”.
A audiência mais uma vez nota o comodismo do autor, mas nem por isso deixa de prestigiar a novela. Na estreia, marcou 37 pontos, mesma média do início de “Passione”. Os telespectadores voltam a se comportar como uma criança na primeira infância.
Mas é com o “BBB’ que o telespectador brasileiro expõe por completo sua imaturidade. Há anos, boa parte da audiência repete a mesma ladainha. Dizem que o reality show é uma perda de tempo, que a televisão deveria investir em programas educativos e que a Globo contribui para a ignorância da população, entre outras bobagens panfletárias.
A campanha mais recente defende a troca do “BBB” por um livro. Ora, eu posso ler e assistir ao reality show. Que crime há nisso? Quem adere a essa pretensa campanha educativa quer apenas posar de intelectual. Sejamos sinceros: ninguém trocará o “BBB” por um livro. Nem mesmo por programas educativos.
Fosse assim, neste momento a TV Cultura e a TV Brasil estariam arrebentando na audiência. Apenas falácia de telespectadores que desejam parecer superiores aos demais, mas que no fim revelam seu comportamento infantil. Se sentem os donos da razão, precisam da aprovação de terceiros (olhem para mim, sou intelectual!) e dão sua espiadinha escondida no reality show. Afinal, quem não assiste ou pouco se importa com o “BBB” sequer se manifesta. Lê seu livro, vai ao cinema, ouve música ou dorme sem carregar bandeira alguma
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