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segunda-feira, 28 de março de 2011

A revolta do Jesus de Caruaru



Creio que já disse aos leitores do Direto da Redação xfm que o ramo da família Porto do Nordeste – mais precisamente de Pernambuco – foi iniciado por um tal Francisco Rodrigues Porto, em 1806, vindo de Portugal, e que aqui foi nomeado Inspetor dos Engenhos de Cana de Açúcar. Por causa da política, meu tataravô, Manoel Rodrigues Porto (1854-1941), foi parar em Caruaru no interior do estado e lá a família desenvolveu-se. Meu avô Leocádio Rodrigues Duarte Porto (1881-1950) tornou-se tabelião e coronel da Guarda Nacional. Infelizmente, só tive contato com ele duas vezes: em 1948 e 1952. Sei apenas que era mandão e que jogou duro com os filhos homens Mário Porto (1902-1950), Mílton Porto (1905-1990) e meu querido e saudoso pai Nélson Porto (1909-1994). E como jogou duro...




Em busca de dias melhores, a família se dividiu. Mário e Mílton Porto foram para Uberlândia, no triângulo mineiro, dedicando-se ao ensino. Mário trabalhou no Ginásio de Uberlândia e Mílton – uma figura impagável – fundou o Liceu de Uberlândia, que sobreviveu anos a fio. Foi em Uberlândia que meu pai conheceu minha mãe, Daura Porto (1912-2006), embora ele, nas horas vagas, estudasse Direito na Faculdade São Francisco, em São Paulo. De lá, Uberlândia, os dois vieram para o Rio de Janeiro, onde se casaram e eu e meus irmãos nascemos, crescemos e estudamos no Instituto São Fernando, na Rua Marquês de Olinda, 74, no bairro de Botafogo.



Pois bem. Assistindo pela televisão às manifestações de fé católica em todo o mundo, por ocasião da última Sexta-feira Santa, com o injusto e covarde calvário cumprido por Jesus Cristo, antes de ser crucificado pelos romanos, lembrei-me que meu pai – história confirmada por meus tios – me contou a história de um tumulto ocorrido em Caruaru por ocasião de uma encenação da chamada Via Crucis. Meu pai não soube – pois era ainda menino – precisar a data do ocorrido, mas calculava que tenha se dado nos anos 20 do século passado, chocando toda a cidade e quase cancelando de uma vez por todas uma tradição sempre mantida pelo povo de Caruaru.



O que ocorreu? Os elementos que faziam o papel de soldados romanos, por uma razão ou por outra, começaram a chicotear com força o cidadão que se passava por Jesus Cristo, no mais que improvisado trajeto do Calvário. Aborrecido, carregando uma cruz enorme de madeira maciça, o Jesus Cristo de Caruaru deu uma meia trava na caminhada e pediu que os ‘romanos’ não batessem com tanta força.



De nada adiantou. Os supostos soldados romanos voltaram a espancar o Jesus de Caruaru com mais força ainda. Foi então que se deu o incrível e inusitado imprevisto. ‘Jesus’ jogou a cruz no chão, arrancou a coroa de espinhos, atirou para o alto a peruca que usava, e simplesmente atracou-se com os ‘soldados romanos’, provocando um tumulto generalizado, que liquidou com a peregrinação. De nada adiantou a intervenção da Força Pública porque ‘Jesus’ estava transtornado e distribuía socos e pontapés em quem se aproximasse. Foi o que hoje se chama sufoco.



Onde poderia ter ocorrido isso? Única e exclusivamente em Caruaru...

Nota do Editor: O colunista não pôde mandar sua coluna neste domingo, por isso estamos reproduzindo a que foi publicada em 22 de março de 2008.


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