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domingo, 10 de abril de 2011

O dia em que o Rio chorou


A Cidade Maravilhosa, eleita a mais feliz do mundo por uma pesquisa internacional, queda-se em silêncio neste fim de semana. Estamos chocados e arrasados. O matador da escola de Realengo nos abalou. Vamos nos reerguer logo, mas estamos tristes. Enquanto isso, precisamos parar, ver onde estamos errando e rever nossos valores.


Numa cidade onde quase tudo é permitido, desde que não se invada o espaço alheio, pais passaram a enxovalhar professores que disciplinavam os alunos. Esses, inspirados nos exemplos de casa, levantam a mão e a voz para os mestres. Sem respeito mútuo, a Secretaria de Educação municipal, na época de César Maia, implantou a aprovação automática, soltando de vez o freio de alunos mal comportados. Escola virou creche e refeitório. Professor era decorativo. Nos jogos de futebol, torcedores rivais viraram hordas selvagens repletas de perigosos marginais.

Sobre o matador de Realengo, o revólver 38 dele fora roubado do pai adotivo há 18 anos. Portanto, o matador na época tinha apenas 6 anos. Pode indicar que alguém de bom senso da família escondeu essa arma, mas um dia ela chega às mãos do hoje assassino descontrolado. Que coisa! O jovem deixa uma carta incongruente remetendo a... Jesus. Sempre barbaridades cometidas em nome Dele!

Embora freqüentador da Assembléia de Deus, uma igreja séria e respeitável, o fato é que inúmeros evangélicos de religiões pentecostais freqüentam as páginas policiais. Pastores vigaristas, pedófilos, estupradores, evangélicos invadindo centros espíritas e depredando o que não lhes pertence, tudo sem repreensão pública por parte de seus superiores. Exatamente como os pais e os filhos nas escolas. Está tudo no noticiário. Os fundamentalistas evangélicos se colocaram como moeda de voto na eleição. Os protestantes de raízes européias se dão ao respeito e nem passam perto dos fariseus alucinados que pululam nos EUA e no Brasil.

O futebol apodreceu e as torcidas se matam. Pais incentivam filhos a odiar torcedores rivais. Conheci um que me afirmou botar o filho fora de casa se ele, ao crescer, não aceitasse o mesmo time que o dele! Radicais de toda ordem tornaram-se pessoas de difícil convivência. Crentes criticam os não-crentes, mas agora têm até funk, com a letra falando de Jesus, claro. Leio hoje na internet que uma moça, linda e gostosa, de shortinho, se apresenta num pole dance numa igreja no Texas e encanta as devotas. Ela afirma que a dança sensual é para Jesus! Sei...

O Rio hoje chora, mas deve aproveitar para repensar seus valores e retomar espaços cedidos pela tolerância que nos caracteriza. Professor na escola tem que ser como comandante no navio: é quem manda e ponto final. Pais e filhos que não aceitam autoridade não precisam de escola. Quem não respeita os diferentes não precisa de sociedade. Óbvio que a religião não é responsável pela loucura de gente como o matador de Realengo, mas o fanatismo sem freio também precisa ser repensado.

Talvez sirva de alerta a que todos baixem a bola, que voltemos a respeitar os mais velhos, os mais novos, os que nos orientam, os diferentes em geral, a respeitar a cidade, muito suja, a respeitar o direito dos vizinhos, dos outros torcedores, polícia se dê ao respeito como polícia e cada um que se dê o respeito. O Rio precisa e vai voltar a ser alegre, mas a hora é de repensar.

Óbvio que não se trata de censuras e perseguições, nada disso, apenas a volta do respeito aos professores, a restrição a entrada em escolas, antes só permitida pelos inspetores, cargos extintos no Rio, e o respeito ao silêncio e ao ouvido dos demais por parte dos evangélicos que pensam que podem levar a palavra de Deus a todo mundo, custe o que custar.

Contribuição do leitor Paulo França. Email : jornalocorreio2010@gmail.com



Deus nos acuda



Pois é. Eu tinha que estar de férias no Brasil para presenciar uma das maiores tragédias dos últimos tempos: o massacre dos estudantes do Rio. Além do meu respeito e solidariedade a todos os envolvidos ou apenas abalados pela notícia, é inevitável analisar aspectos decorrentes do fato, em especial no tocante à cobertura da midia e os efeitos presentes e futuros nas pessoas.

Quanto à midia, fica claro o justificado despreparo para lidar com algo que nunca ocorrera antes. Só sabem dizer obviedades emocionais ou não, lugares comuns e nada que tenha algum sentido quando se aventuram além dos fatos até agora conhecidos. Por exemplo, acabo de assistir a uma entrevista com um professor de "ciência da religião" explicando que aquele deus do assassino não é o "verdadeiro deus", como se alguém conhecesse algum deus para saber atestar sua veracidade. Pelo visto, o conceito de "ciência" tem sido bem alargado ultimamente - e com apoio dos jornalistas.

No mais, essa presença constante de "Deus" já era de se esperar, não apenas por ser ele a única fonte de algum equilíbrio para muita gente em momentos de crise, mas por parecer que desta vez ele também serviu de inspiração ao assassino, do que se entende da carta que ele escreveu antes da chacina, onde adota um discurso cristão de culpa e redenção. E é justamente essa humildade perante Deus que redime os piores criminosos perante eles mesmos, pois dá a eles um resquício imaginário de bondade e dignidade, além da resolução que eles precisam para prosseguirem com seus crimes hediondos, na esperança de salvação post-mortem, devida apenas ao seu temor divino. Aí, o que vemos na prática é uma inversão da ideia comum e simplória de que a falta de religião é que leva pessoas "más" a praticar atos semelhantes a este. Falando nisso, "graças a Deus" o rapaz era cristão e não ateu ou agnóstico, ou estaria declarada temporada nacional de caça (dessa vez física e violenta) contra os sem-religião.

Enfim, o brasileiro vem perdendo cada vez mais sua inocência, sua paz e sua esperança, por motivos claros e evitáveis, e agora um evento com motivo obscuro, aleatório e provavelmente inevitável, vem coroar tal processo. Fico ansioso para saber quais serão os desenvolvimentos na psiquê de um povo tão despreparado e frágil, apesar de já tão judiado pela vida que tem.

De certo, só sabemos que, depois de tantos acidentes naturais e outros graves acontecimentos de país "gringo", como atiradores psicopatas ou não, matando a esmo, podemos ter certeza de algo que alguns já desconfiam há tempos: Deus não é brasileiro. Eu suspeito que ele seja escandinavo, mas também não assino embaixo. Como são sabemos em que país encontrá-lo, deveríamos fazer algo nós mesmos, sem esperar por ele, no sentido de diminuir o caos e o estado de inconsequente abandono e alienação em que vivemos.





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