por aqui ate 2014.
Saguão do aeroporto de Congonhas lotado um dia depois do último show do U2 em São Paulo: demanda por hotéis, já alta com o turismo de negócios, explode em grandes eventos
O fenômeno verificado na hotelaria paulistana em março, após o Carnaval, voltou a ser registrado nesses dias mais recentes de abril: a apertada oferta de vagas. Apesar de as estatísticas mostrarem que, na média anual, não faltam quartos no setor na cidade, os momentos de pico de demanda, nos quais se registra a falta leitos, estão cada vez mais frequentes.
A procura por hospedagem nos dias do show do U2 foi o movimento mais evidente dessa leva recente de escassez de quartos, mas não foi sua única razão. Na mesma semana das apresentações, para citar apenas um evento, foi realizada a Feira Internacional de Autopeças, Equipamentos e Serviços (Automec), que terminou no último sábado e tinha como previsão a atração de pelo menos 70 mil visitantes. É quase como se um novo show do U2 tivesse se realizado na cidade – cada uma das apresentações da banda atraiu 89 mil pessoas.
São Paulo tem 420 hotéis, nos quais há 42 mil apartamentos, com 96 mil camas. Se o número de turistas que passou pela cidade para ver o U2 ou visitar a Automec tiver repetido a média do Salão do Automóvel (no qual pelo menos 15% do público é de fora da cidade), mais da metade das vagas nos hotéis paulistanos foi ocupada em algum momento da semana passada pelos fãs da banda ou pelos visitantes da feira.
Essa contabilidade leva em conta apenas dois eventos – em uma cidade que realiza 90 mil por ano, 7,5 mil por mês, 1,7 mil por semana. “Estamos mandando executivos para outras regiões da cidade, como os Jardins e o Itaim, e contratando motoristas para trazê-los para o escritório”, conta Edson Melo, gerente de marketing da Acision, empresa da área de tecnologia da informação.
A Acision fica na região da avenida Luiz Carlos Berrini, na zona sul de São Paulo, uma área pródiga em hotéis de alto padrão. A distância até os Jardins pode chegar a dez quilômetros (e a metade disso até o Itaim), mas, no engasgado trânsito da cidade, um trajeto como esse, nos piores dias, pode exigir até uma hora de viagem. Hospedar os executivos em lugares próximos, portanto, não tem relação apenas com a comodidade.
Além de receber com frequência executivos egressos do exterior, a britânica Acision realiza um encontro trimestral, sempre agendado para a sala de um hotel próximo de sua sede brasileira. “Antes nós fazíamos a reserva com 15 dias de antecedência, mas agora já nos avisaram que até junho está tudo lotado”, diz Melo. E por um custo de locação mais que o dobro do que o que costumava ser pedido até o ano passado. “São muitas oportunidades, o mercado está aquecido”, afirma. “Imagina o que vai acontecer na Copa”.
Recepcionista no Salão do Automóvel de São Paulo de 2010: picos de demanda na hotelaria, como o do evento, são cada vez mais frequentes na cidade
Procura-se quarto para a Fórmula 1
Antecedência na reserva já não é garantia de hospedagem. O estudante Frederico Machado, de Belo Horizonte, começou há pouco mais de uma semana a procurar hotel para se hospedar em São Paulo no último fim de semana de novembro, quando será realizado o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1. Mesmo a mais de sete meses da viagem, a busca não tem sido exatamente frutífera. O evento é um dos mais movimentados para a hotelaria paulistana, que vive, entre outubro e novembro, época também do Salão do Automóvel, seu pico de demanda.
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Machado já percebeu o fenômeno. Na região do aeroporto de Congonhas, na zona sul da cidade, a 14 quilômetros do Autódromo de Interlagos, onde pretende se hospedar, ele não consegue encontrar apartamentos com três leitos, que deve dividir com dois amigos. “Se demorar muito, vamos começar a procurar pousadas”, diz. “E isso é em São Paulo. E como vai ser na Copa em Belo Horizonte?”
O impacto de um evento como o Salão do Automóvel ou o show do U2 sobre a oferta de vagas em hotéis de São Paulo fica mais evidente quando é feita a comparação com uma semana como a atual. Sob o efeito do feriado de Páscoa, que reduz o número de eventos corporativos (grande filão da hotelaria paulistana), havia 145 hotéis disponíveis em uma busca feita na última sexta-feira no portal de viagens Decolar para hospedagem de dois adultos de terça a sexta-feira desta semana. Uma semana antes, seria preciso entrar em filas de espera.
A ocupação média nos hotéis de São Paulo foi de 72% em 2010, segundo dados compilados pela Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) – em Nova York, Tóquio e Paris, as taxas foram de 79%, 81% e Paris 86%, respectivamente. Não faltam quartos, portanto, argumentam executivos do setor. Mas, com a ocupação média crescendo de maneira firme ano a ano (o índice foi de 55,2% em 2004, segundo a SPTuris, empresa de promoção do setor ligada à prefeitura), o gargalo tem ficado mais evidente.
O temor de aperto ainda maior na oferta de vagas para hospedagem na cidade na Copa de 2014 pode ser refutado ou reverberado. Os otimistas dirão que, no momento, há obras ou projetos aprovados que elevarão de 42 mil para 45 mil o número de quartos em três anos. Os pessimistas lembrarão que, entre 2001 e 2009, o número de grandes eventos internacionais realizados na cidade passou de nove para 79 (um crescimento de mais de 770%), segundo a International Congress and Convention Association (ICCA). Em 2014 se saberá qual das duas correntes tem razão.
Com picos de demanda na hotelaria da cidade cada vez mais frequentes, antendência na reserva nem sempre é garantia de vaga
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