Farra brasileira das compras
MIami (EUA) - O dólar desvalorizado e o real valorizado estão provocando um fenômeno inquietante para a economia brasileira: produtos comprados a preços bem atraentes…na Flórida.
Recentemente, Websites, jornais e revistas do Brasil têm mostrado a nova realidade, com os brasileiros comprando tudo que há de mais moderno e atualizado a preços impensáveis no mercado interno brasileiro. Certos produtos chegam a custar um terço do valor cobrado no varejo doméstico.
Agora, com as férias de julho aproximando-se, haverá nova invasão de brasileiros. Nossos conterrâneos tomam conta dos centros de compra e lojas deixando milhões de dólares na economia americana. Nem é preciso dizer que os comerciantes e as autoridades comerciais dos EUA estendem o tapete vermelho para receber estes clientes especiais.
E esta febre de consumo amplia-se para a venda de automóveis e apartamentos de luxo, que custam bem menos do que os imóveis de categoria similar negociados em São Paulo e no Rio de Janeiro. Claro que comprar um imóvel aqui é um investimento para poucos. Isto significa imobilizar um capital respeitável para pagar por um imóvel, digamos, de veraneio. E isto implica ainda ter de pagar mensalmente taxas de condomínio e impostos prediais municipais, além de precisar arcar com todas as despesas inerentes à manutenção de um imóvel. Isto somente vale a pena se a intenção do comprador for a de trocar o Brasil pelos Estados Unidos, algo que, aliás, muita gente está considerando e efetivamente fazendo.
Entretanto, para a maioria dos brasileiros de classe média, ir para a Flórida significa unir o vantajoso com o prazeiroso. Senão, vejamos: a família deixa o Brasil e chega à Flórida com uma quantidade razoável de dólares para gastar. Aproveita para conhecer Miami, Fort Lauderdale, Key West, West Palm Beach e, se tiver filhos, a inescapável Orlando.
Mesmo com os gastos da viagem, que incluem hospedagem, alimentação e entretenimento, ainda se torna vantajoso quando os brasileiros vão às compras. Os produtos adquiridos aqui estão bem mais em conta do que os vendidos no comércio varejista brasileiro. Deste modo, a economia obtida com a aquisição dos produtos compensa os gastos efetuados com as despesas de estadia e ajuda até mesmo a abater o valor total pago pelas passagens.
A “invasão” de brasileiros vem sendo tão saudada pelos americanos que já é muito forte a pressão de setores ligados ao comércio e ao turismo dos EUA no sentido de que as autoridades do país simplesmente incluam o Brasil – juntamente com Argentina e Uruguai – na lista dos países isentos de visto de entrada para os EUA. Dois fatores, no entanto, servem como pontos de resistência para que esta medida seja tomada: o temor, ainda, de que um grupo de brasileiros poderia aproveitar-se desta facilidade para permanecer no país ilegalmente e o volume de dinheiro arrecadado pelos consulados americanos que ajuda a custear suas despesas no Exterior.
Um conselho, porém, deve ser feito para quem vier disposto a comprar aqui. O mais seguro é comprar à vista, porque o débito no cartão de crédito a ser pago no Brasil torna-se exponencial, justamente porque obedece aos critérios de juros estabelecidos no país, invalidando assim a economia obtida com a compra do bem.
Chegamos, portanto, ao calcanhar de Aquiles da economia brasileira. Ora, os varejistas brasileiros não cobram muito pelos produtos comericalizados por serem exploradores, mas, sim, por também serem vítimas do escorchante regime de juros cobrados pelos agentes financeiros do Brasil e do excesso de carga tributária determinada pelos governos das esferas municipal, estadual e federal. E isto obviamente é repassado para os consumidores, que, por sua vez, já pagam uma alta carga de impostos diretos e acabam tendo de pagar por estes impostos indiretos embutidos nos produtos adquiridos.
Está mais do que na hora de as autoridades brasileiras – Executivo e Legislativo – promoverem uma reforma tributária a fim de não sufocar o poder de compra dos brasileiros. Afinal, não é todo mundo que possui a capacidade de multiplicar seu patrimônio por 20 em apenas quatro anos, não é mesmo?
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