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domingo, 12 de junho de 2011

Vítima de uma mentira

Rio - Em minha última coluna para o Direto da Redação, escrevi um novo capítulo a respeito do inocente estagiário (Flávio Magnanini), colocado na Editoria de Esportes do Jornal do Brasil, já com sede na Avenida Brasil. No texto, disse que tive, anos mais tarde, uma enorme decepção com competente e experiente editor do Caderno de Automóveis do JB, Valdir Figueiredo (já falecido). Hoje, neste espaço que me cabe aos domingos no DR, explico o que aconteceu.


Vida que segue, depois do Jornal do Brasil, eis que me vejo como Editor-Chefe da Tribuna da Imprensa, na Rua do Lavradio, após, anos antes, ter ocupado lá mesmo o cargo de Editor de Esportes do jornal de Hélio Fernandes. Pela velha Tribuna, tive a honra de escrever um caderno especial sobre o final da II Guerra Mundial, em 1995. Viajei por toda a Alemanha – já reunificada – ao lado de um intérprete que falava português fluentemente, pois era casado com uma baiana. Infelizmente, não pude seguir para a antiga União Soviética. A queda do comunismo havia transformado a URSS, naquele momento, numa nação abagunçada, repleta de assaltos e golpes.

De volta ao Brasil, Hélio Fernandes Filho – o representante de Hélio Fernandes na Tribuna – comunicou-me que Valdir Figueiredo (afastado do JB) iria lançar um Caderno de Automóveis no jornal. Fiquei satisfeito, pois era amigo de Valdir Figueiredo desde os tempos do JB da Avenida Rio Branco. Pouco tempo depois, Valdir, já veterano, pediu licença de suas tarefas. Foi quando Hélio Fernandes Filho me perguntou se eu poderia editar também o Caderno de Automóveis. Respondi que só se ele chamasse alguém para me ajudar. Ele topou e convoquei Carlos Alberto – ex-companheiro de O Dia – para a tarefa. Só que Carlos Alberto não sabia dirigir.

Carlos Alberto era inteligente e esperto, e eu me limitava a dar uma olhada em sua tarefa (o caderno era publicado uma vez por semana). Vez por outra, escrevia uma coluna analisando determinados automóveis que eram cedidos à Tribuna para testá-los. Não mais do que isso. Num deles, não me recordo a marca, cheguei a fazer uma viagem a Petrópolis, ao lado de minha ex-mulher, Ada Regina Guimarães (1951-2010), de quem guardo até hoje recordações rigorosamente infindáveis.

Certo dia, vejo Valdir Figueiredo na redação. Pensei: ele vai retomar a edição do Caderno de Automóveis e só terei uma única e escassa tarefa: pedir a ele, Valdir, que mantivesse Carlos Alberto como seu assistente. O rapaz mais do que merecia. Quanto a mim, me livraria do cargo e me dedicaria inteiramente à minha função de Editor-Chefe. Aí veio a surpresa: Valdir Figueiredo, que sequer me cumprimentou ao chegar, foi até Hélio Fernandes Filho e pediu demissão, alegando que eu queria tomar o lugar dele.

Como poderia ter esse intuito se minha função já era estafante? Como poderia pretender (o termo é este mesmo) tomar o lugar de Valdir Figueiredo, um expert no assunto, sem ganhar sequer uma mísera e reles compensação financeira? A volta de Valdir seria um alívio para mim, que, sobre carros, além de pilotá-los, entendia tanto quanto de física quântica? Valdir só poderia estar brincando. Mas não estava.

Contra minha vontade, segui à frente do Caderno de Automóveis. Pouco depois, em São Paulo, no lançamento do Susuki Baleno, Valdir (não sei o que ele lá ainda fazia) nem me cumprimentou no jantar oferecido pela empresa. Fiquei magoado. Um companheiro de mais de 30 anos inventara uma mentira sobre mim. Sinceramente, hoje, tantos anos passados, desconfio que Valdir Figueiredo havia combinado uma comissão em dinheiro caso conseguisse publicidade para a combalida Tribuna. Quando percebeu que não teria sucesso, mentiu e tirou o time de campo.

Pouco tempo depois, mais envelhecido, Valdir morreu

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