Rio - Comecei a trabalhar como redator na Bloch Editores na ‘Enciclopédia’, chefiada por José-Itamar de Freitas, ao lado de companheiros como João Máximo e José Inácio Werneck, além de Léo Schlafmann, Maria Eduarda e Célia Maria Ladeira. Era uma tarefa difícil de cumprir porque, ao mesmo tempo, integrava a editoria de esportes do JB, ainda na Avenida Rio Branco. Era um corre-corre dos diabos. Chegava na Bloch às 9h30 – caso contrário perderia o ponto – e voava para o JB às 17h30, ou de táxi ou de carona, pois carro não tinha. E do JB, com sorte, saía às 23 horas. A única vantagem era a de que folgava na Bloch aos sábados e domingos, embora trabalhasse no JB todos os sábados, como redator. Quase não tinha tempo para ver meus filhos.
Certa tarde – passados alguns anos – Adolpho Bloch decidiu fechar a ‘Enciclopédia’. Fiquei atônito. O que poderia fazer àquela altura do campeonato? Foi então que Pedro Jack Kapeller, o Jaquito, me convocou para a equipe de ‘Fatos & Fotos’, chefiada na época por Carlos Heitor Cony e, pouco depois por Flávio Costa, morto em consequência de um acidente de automóvel na saída do Túnel Rebouças. Como minha memória não é de ferro – com a de José Inácio Werneck – de repente, novamente sob a direção de José-Itamar de Freitas, ‘Fatos e Fotos’ também saiu do ar.
Em seu lugar surgiu ‘Domingo Ilustrado’. Eu segui firme e forte na nova revista, criada originalmente por Samuel Wainer. Eu recebia na época dois mil e quinhentos cruzeiros e fiquei sabendo – nas redações sabe-se de tudo – que a repórter Martha Alencar fora contratada por cinco mil cruzeiros. De imediato, pedi a Jaquito uma compensação salarial, mas ele negou. Fiquei, então, na expectativa de um convite para deixar a Bloch, da qual era funcionário há sete anos. Foi então que, de repente, Celso Itiberê, editor de esportes de O Globo, me convidou para ser subeditor de esportes no jornal do doutor Roberto Marinho (1904-2003) e aceitei de imediato.
Mas Jaquito não quis me demitir para que eu recebesse minha indenização. Foi então que surgiu a idéia de pedir a Arnaldo Niskier a minha liberação. Devo isso a ele, numa operação ignorada por Jaquito. Mal comecei a trabalhar em O Globo, recebendo cinco mil e 500 cruzeiros mensais, quando recebi um chamado de Jaquito que me queria de volta à Bloch. Por incrível que pareça, ele me ofereceu 13 mil cruzeiros mensais, mas recusei. Eu tinha um compromisso com Celso Itiberê em O Globo e queria honrá-lo. Não poderia sair de O Globo com menos de um mês de trabalho. Seria – penso assim – uma desfeita com quem teve a intenção de me ajudar.
Mas, apesar de tudo, deixei O Globo, a convite de João Máximo, para retornar a meu lugar de origem, o Jornal do Brasil, já com sua faraônica sede na Avenida Brasil. O Jornal do Brasil – hoje apenas na Internet – fora sempre a minha paixão. Talvez seja ainda, pois me recordo que lá comecei minha carreira, no justo dia em que John Kennedy foi assassinado em Dallas, Texas, a 22 de novembro de 1963. Os leitores do Direto da Redação dirão que não fui profissional. E não fui mesmo. Meu amor pelo Jornal do Brasil superou tudo o que eu sonhava. E recordo essas transações com orgulho. Fiz o que meu coração mandou. E jamais me arrependi da mudança.
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