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quarta-feira, 13 de julho de 2011

A difícil arte de ser careta

Não sou da direita e nem da esquerda. Sou careta, agora publicamente assumido. No meu tempo de jovem e adolescente não era nada fácil ser careta, algo que nos dias atuais tornou-se praticamente impossível. Leva-se pedrada de todos os lados. A direita e as religiões mais sectárias não querem a regulamentação do aborto em termos menos inflexíveis ? Pois sou favorável. A esquerda não quer a privatização generalizada de atividades estatais ditas rentáveis ? Pois sou favorável.


Comecei a fumar muito cedo e larguei antes que fosse muito tarde. Não consegui ser suficientemente careta para recusar participar do tabagismo, porque fumar, então, era a marca registrada dos "machões" cinematográficos, verdadeiros ídolos. Felizmente, passei batido pela maconha. Drogas nem pensar. A mais conhecida era o LSD, cuja cor do comprimido sequer cheguei a conhecer. Anfetaminas e barbitúricos podiam ser livremente adquiridos nas farmácias e seus usuários, dos quais nunca fui um deles, ingeriam-nos juntamente com bebidas alcoólicas.

Coincidência, ou não, atualmente, a minha caretice se faz mais presente em situações defendidas com ênfase pela esquerda, geralmente relacionadas com os chamados "direitos humanos". Na verdade, muitas dessas situações também são encampadas pela direita. Acontece que a esquerda, quando contrariada por um careta, sempre se mostra mais agressiva, enquanto a direita se mostra mais tímida. Seja como for, para exercer a arte de ser careta é preciso ter coragem e estomago. Coragem por que o risco de ser havido por discriminativo ou preconceituoso é grande. Estomago para engolir cobras e lagartos despejados por quem discorda.

Pesquisa realizada pelo "Journal of Personality and Social Psychology", uma publicação da "American Psychological Association", chegou à conclusão de que, na troca de mensagens e bate-papos via internet, a possibilidade de os leitores entenderem corretamente os dizeres dos seus interlocutores é de apenas 50%. Entretanto, tal possibilidade não se aplica somente às mensagens e bate-papos, mas, igualmente, aos artigos, crônicas, ensaios, obras didáticas e literárias. Obviamente, os textos produzidos pelos caretas não estão fora desse índice. A mesma pesquisa ainda revelou a seguinte curiosidade: 90% dos leitores desses escritos acham que os entenderam perfeitamente.

Por mais claro que o autor tente ser, nem todos os leitores têm a mesma capacidade de interpretar corretamente o texto, nem todos o interpretam da mesma forma e há, até, os que sabem interpretar, mas, se recusam a fazê-lo, para poderem descer a lenha com coerência. Tudo isso parece ter ocorrido com a minha crônica "A marcha da maconha", publicada neste DR.

No íntimo, e de forma bem careta, sou contra a descriminalização da maconha, porém, em momento algum manifestei aquela posição. Nem demonstrei ser desfavorável à realização das respectivas marchas. Mesmo assim, fui taxado de moralista, retrógrado e outros adjetivos menos elegantes. Ninguém se referiu ao ponto crucial abordado no texto, qual seja, "a castração, pelo STF, dos poderes das autoridades constituídas de São Paulo e de outras cidades", que permaneceu intocável nos comentários.

Não pretendo reabrir a discussão sobre aquela e outras matérias por mim elaboradas anteriormente. A caretice do momento é "A difícil arte de ser careta", quando seria muito mais cômodo navegar na onda de uma modernidade demagógica, que objetiva a criação e reconhecimento de "direitos humanos" anômalos, bizarros e fictícios.

Não bastasse o apedrejamento, o careta ainda tem que se explicar, caso de Myriam Rios, ex-esposa do cantor Roberto Carlos, deputada estadual na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, pela bancada do PDT. A parlamentar declarou, em resumo, que, de acordo com a sua "orientação sexual", não gostaria de ter uma babá lésbica para suas filhas e um motorista "gay" para os seus filhos, pois poderiam ser molestados pelos "optantes". Diante dessa declaração, armou-se uma confusão danada, eis que Myriam teria estabelecido uma associação "indevida" entre homossexualismo e pedofilia.

Ora, se uma babá lésbica se insinuar sexualmente com meninas menores de idade e um motorista "gay" tentar bolinar garotos também menores, ambas as situações são, sem dúvida, de prática de pedofilia ! Mesmo assim, Myriam se desculpou. Eu não vou fazê-lo. Vou cogitar em organizar uma marcha, na Avenida Paulista, pleiteando o reconhecimento, proteção e respeito aos direitos dos caretas, mormente para expressarem livremente seus pensamentos.

Caretas unidos, jamais serão vencidos !

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