Nos anos 80, quando era repórter da Globo no Rio, praticamente não havia concorrência. Lembro-me que, ao cobrirmos os fatos na rua, tínhamos como rivais apenas repórteres da Band, cuja sede paulista não investia muito na filial da cidade maravilhosa.
No inicio dos anos 80, quando surgiu a Manchete, esse cenário da concorrência começou a mudar. A Globo, até então absoluta, começou a ver com outros olhos a chegada da emissora dos Bloch. Com uma proposta chic e inovadora, a Manchete começou bem.
No jornalismo, inovou com cenários parecidos com os dos telejornais americanos na época. Aço escovado na bancada, com os profissionais do controle de imagem trabalhando atrás dos âncoras, enfim, um cenário futurista que em nada lembrava os tradicionais da Globo.
Documentários, programas de entrevistas e shows musicais acenderam a luz vermelha na Globo. Ela começou a ver que havia vida televisiva depois dos muros do Jardim Botânico. Era preciso começar a sair do “berço esplêndido” e colocar o talento e a experiência de seus profissionais a serviço de uma programação mais ousada e moderna. Mas nem precisou se esforçar tanto..
O tempo passou para os Bloch que não tiveram força e dinheiro para segurar o canal, apesar do bom time de profissionais que havia formado. Com o fim da Manchete, acabaram-se as chances do mercado aceitar uma outra emissora com a mesma qualidade. Uma lástima para os profissionais que viram se fechar uma porta no difícil mercado de trabalho. Perda para os telespectadores que ficaram orfãos de uma opção inovadora e de mais qualidade.
Agora, lendo a coluna Oops do portal da UOL, encontro a seguinte informação: “Embora a Record esteja fazendo bastante alarde nos últimos anos, de que ultrapassará a Globo em Ibope, a distância entre as duas emissoras ainda é bem grande”. Pensei, acho que já vi esse filme antes. E não é que vi mesmo?
A Record que anunciara aos quatro ventos que estava “a caminho da liderança”, foi vítima do velho clichê: nadou, nadou, e morreu na praia.
Ela falhou e falhou feio. Achou que poderia derrotar a “poderosa” com suas próprias armas, mas não se criam guerras nem guerreiros da noite para o dia.
Os caminhos adotados pela Record e a forma como é administrada por bispos e prepostos, haja vista o papel ridículo que fez no caso Datena, não indicam que ela alcance o sonho de chegar perto da Globo, quanto mais ultrapassá-la. Um espasmo aqui, outro ali. Mas o cenário não muda. O telespectador vai ter que aturar a supremacia do plim-plim por muitos anos.
Certa vez, quando perguntaram ao todo poderoso da Globo na época, o Boni, se temia a concorrência, ele respondeu: “os outros canais são mais lidos nos jornais, do que vistos na TV”.
O Boni estava certo.
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