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quarta-feira, 30 de março de 2011

Sabor de Mar (27)



Publicado em 30/03/2011


Sabor de Mar (27)

Dali para a frente, não foi mais torturada. Ao fim do quinto dia, retiraram-na da cela e, para sua surpresa, deparou na sala de entrada com Pedro Braun, que chegava preso. Olhou em frente, como se não o conhecesse, mas, no momento mesmo em que se cruzavam, um dos oficiais gritou-lhe, com sarcasmo:

- Ué, você não quer falar com seu amiguinho, sua puta?

Sem saber por que nem para quê, Maria Eduarda foi tomada por uma súbita coragem. Fitou o oficial no rosto e disse, desabridamente:

- Não, eu quero é tomar no cu. Estou doida para dar o cu.

Tomou um soco na cara, mais um, o que para ela já não fazia grande diferença, foi colocada na viatura e levada para um quartel do Exército na Avenida Brasil, o 1o RCC (Regimento de Carros de Combate), à direita de quem sai do Rio, à altura de Bonsucesso, logo depois de um outro quartel, este da Aeronáutica. Na viatura verde-oliva estava também, além de outras pessoas, uma conhecida sua da praia que acabara de se formar em psicologia e que, soube mais tarde, tinha alugado a casa em Santa Teresa que servira de cativeiro para o embaixador Elbrick.

Neste quartel, que mais tarde passou a ser uma instalação do CPOR (Centro de Preparação dos Oficiais de Reserva), Maria Eduarda não mais sofreu torturas físicas. Apenas psicológicas, pois toda noite um soldado ficava postado diante de sua cela, gritando:

- É hoje de noite que vão matar você, sua puta. Pode dormir agora, que de madrugada vão matar você.

Depois de três ou quatro dias foi libertada, sem explicações, como tinha sido presa sem explicações.

NOTA DO EDITOR: Na última quarta-feira de cada mês, José Inácio Werneck publica um trecho de seu livro “Sabor de Mar”.
Direto da redação XFM

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