Na política, a esquerda pretende que todos recebam dos Poderes Públicos tratamento absolutamente igual, em termos de sobrevivência. Em outras palavras: ou todos são ricos igualmente, ou todos são pobres igualmente. Neste caso, os bens materiais pertencem exclusivamente ao Estado, que se encarrega de distribuí-los, fazendo-o de modo a "eliminar" ricos e pobres. Nem mais para uns, nem menos para outros.
Para início de conversa, a igualdade absoluta, quaisquer que sejam os seus termos, não passa de uma grande utopia. A própria natureza se encarrega de fazer-nos diferentes uns dos outros, tanto que, para ser forte e saudável, não basta ser rico. O recente drama do falecido ex-Vice-Presidente brasileiro, José Alencar, disso é um exemplo gritante. Portador de um câncer tenaz, submeteu-se às melhores e mais caras assistências médico-hospitalares do mundo, mas, nem por isso recuperou totalmente a saúde, de forma a sobreviver com algum conforto físico.
O regime de pretensa igualdade absoluta jamais propiciaria riqueza para todos, porque sempre haveria um seleto grupo de privilegiados. Alguns (minoria) andariam em veículos próprios, ou, se se preferir, em veículos de uso exclusivo, enquanto outros (maioria) não teriam a mesma prerrogativa. A minoria justificaria aquele direito por ser a administradora do Estado, mas, com ela, estariam seus auxiliares e familiares. "Prestando serviços" aos cidadãos, na árdua tarefa de gerenciar os negócios governamentais, não seria concebível aquela minoria locomover-se a pé, ou em veículos de uso coletivo. Suas dependências oficiais e domésticas seriam de nível superior, compatível com o status dos seus ocupantes e, nas respectivas mesas, não faltariam alimentos de boa qualidade.
Nunca fui um militante da esquerda, porém, dela e de seus adeptos estive, durante longo tempo, muito próximo e íntimo. Entre eles, adeptos da esquerda, não me recordo de ter conhecido sequer um que não apreciasse um puro "scotch" 12 anos, um genuíno Rolex de ouro e um carro zero, último modelo, apetrechos com os quais os desafortunados estão proibidos de sonhar.
No Brasil, tudo que há de ruim e de errado é atribuído à direita, mesmo que os fatos demonstrem o contrário. Quando Paulo Maluf, Prefeito da cidade de São Paulo, direitista de carteirinha, construiu os primeiros piscinões para contenção de enchentes, a esquerda dizia que eram obras "faraônicas" e desnecessárias. Quando Marta Suplicy, companheira-petista "top" de linha, ocupou o mesmo cargo e deu prosseguimento à construção dos piscinões, as respectivas obras deixaram de possuir ditas características. Para disfarçar e "dar o diploma" aos menos esclarecidos, a esquerda dizia que os piscinões de Marta eram mais úteis que os de Maluf, porque construídos em áreas da pobreza !
As privatizações feitas pela direita sempre objetivaram beneficiar meia dúzia de particulares abonados, transferindo-lhes atividades públicas altamente rentáveis. As privatizações feitas pela esquerda sempre objetivaram transferir a particulares, trouxas, claro é, atividades públicas altamente deficitárias. A criação de novos Ministérios e Secretarias pela direita sempre funcionou como trem da alegria dos seus apaniguados, enquanto idêntica iniciativa feita pela esquerda sempre objetivou estabelecer condições ideais de enfrentamento e solução de graves problemas sociais. Nesta última hipótese enquadra-se a recente criação, pelo Governo de Dilma Rousseff, da SAC - Secretaria de Aviação Civil, a quem a ANAC deverá ficar subordinada. Não será surpresa se, no futuro, vier a ser criado o MAC - Ministério da Aviação Civil, a ele se reportando a SAC e a ANAC !!!
Não pretendo defender a chamada direita e seus eventuais integrantes. Quem me conhece sabe que a direita tem mais razões que a esquerda para querer manter distância de mim, não fosse por nada, pela minha declaração de simpatia a Lula, depois de anos de permanência no lado oposto. Durante os dois mandatos de FHC e de Lula, o meu padrão econômico manteve-se estável. Se FHC não criou, para mim e para um enorme contingente de aposentados do INSS, melhores vias de sobrevivência, com um benefício previdenciário mais condigno, Lula também não o fez. Agradou-me, em Lula, sua firme e corajosa mudança de postura na política externa, dando de ombros ao gigante norte-americano, diferentemente do procedimento dos seus antecessores.
No fundo, direita e esquerda não passam de uma enorme enganação, inventada pelos mais espertos apenas para tomada e revezamento no poder. Tanto uma, como a outra, já fizeram besteiras monumentais e realizaram obras de indiscutível valor. Nestas missões, ambas já saquearam e já pouparam o erário. Dizer que FHC, Serra, o falecido Mario Covas e tantos egressos do antigo MDB são ou foram da direita é uma blasfêmia. Todos são ou foram produtos da esquerda e assim cansaram de declarar. Acontece que outro grupo da esquerda, não encontrando muito espaço entre aqueles ex-emedebistas, acabou por compor a esquerda da esquerda, com a fundação do PT.
Na primeira constituição do Brasil, outorgada em 1824, em pleno império, numa época de ostensiva separação de castas, divididas em nobreza, clero e povo, encontra-se a também primeira grande declaração daquilo que, hoje, seria próprio de uma democracia liberal. A Carta Magna imperial fez constar, no seu artigo 179, inciso XV, que os cidadãos participariam nas despesas do Estado na proporção dos seus haveres.Como se vê, muito antes da direita e da esquerda, a realeza já tinha aberto o caminho na direção da socialização.
Sejam os políticos apenas competentes e honestos, nada mais, jogando no lixo conceitos demagógicos sobre direita, esquerda e variantes. Entretanto, a prevalecer a distinção, quem for da direita não deve envergonhar-se de manifestar esta opção, como se agora fossem os direitistas os comedores de criancinhas. O mesmo se aplica aos militares, cujo distanciamento das funções públicas a eles imposto é injustificável.
http://feeds.feedburner.com/RadioXfm989Sp-br
Nenhum comentário:
Postar um comentário
www.xfm.com.br