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domingo, 10 de abril de 2011

Controle de armas é suficiente?


Miami (EUA) - Ainda sob o clima de forte comoção, as autoridades brasileiras brandem um possível controle de armas de fogo para evitar tragédias como a ocorrida na escola do bairro do Realengo, onde um psicopata matou 12 crianças.


José Sarney, o presidente do Senado, deu declarações à imprensa exigindo tolerância zero ao porte de armas no país. Apesar das boas intenções e das palavras politicamente corretas, devemos questionar este argumento por falta de uma análise melhor e mais fria da situação.

Na contramão desse discurso, os parlamentares dos estados de Arizona e de Utah, nos EUA, aprovaram o porte de armas para os estudantes de suas universidades. Vale lembrar que o Arizona é o estado onde a deputada federal Gabrielle Giffords foi baleada por Jared Lee Loughner, outro reconhecido psicopata, a exemplo de Wellington Menezes de Oliveira.

O curioso é que nestes estados os estudantes podem não só portar como até mesmo ostentar as armas enquanto estiverem nas aulas. O argumento é que, ao estarem armados, eles podem evitar ser vítimas de maníacos e psicopatas como ocorreu em Columbine e na Universidade de Virginia Tech.

Isso pode ser corroborado até mesmo com o ocorrido na Escola Municipal Tasso da Silveira, quando o sargento da Polícia Militar Márcio Alves baleou o autor dos tiros e evitou que a tragédia fosse ainda pior, uma vez que ele estava recarregando as armas no momento em que foi atingido pelo policial. Depois disto, como todos sabem, ele se suicidou e acabou o pesadelo para as crianças.

Na verdade, as duas situações são quiméricas. Parece-me óbvio que permitir a todos estudantes estarem armados é dar um passaporte para a tragédia. Ora, numa discussão mais exaltada, alguém pode sacar a arma e disparar contra o interlocutor, cometendo um crime que não se consumaria se a arma não estivesse tão disponível. É bom salientar que os outros 48 estados americanos proíbem o porte de armas em instituições educacionais.

No caso da chamada “tolerância zero” às armas em nosso país, seria cômico se não fosse trágico. O Brasil não prima pela seriedade e a corrupção é algo tão entranhado na sociedade brasileira que o efeito desta medida poderia ser perverso para os cidadãos de bem. Em pouco tempo, toda a população estaria desarmada, a não ser os militares e os policiais, que são autorizados a usarem armas. Porém, além deles, os bandidos ficariam mais à vontade uma vez que armamento não falta para eles, graças aos esquemas corruptos em todos os escalões do serviço público.

Outro discurso que me parece fora da realidade é o dos meios de comunicação ficarem reafirmando que “esta tragédia somente ocorre nos EUA e não no Brasil’, como se distúrbio mental tivesse apenas um endereço. Isto serve para alertar sobre outra deficiência brasileira: a precariedade da saúde pública brasileira (e também da americana) em tratar os doentes mentais.

Em minha opinião, esse deve ser o foco para tentar diminuir tragédias desse tipo. Ah, e claro, sou favorável ao controle do uso de armas, desde que seja feito com critério e seriedade. E que nunca mais tenhamos de noticiar esses disparates. Pelo menos, esse é o desejo de todos.


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