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quinta-feira, 7 de abril de 2011

O palco histórico do Rio



Qual o carioca que já não teve um momento inesquecível na Cinelândia, um dos ícones do centro da cidade do Rio de Janeiro? Principalmente a turma dos protestos na década de 60, atores e músicos das peças e concertos no Municipal que fica ali na beiradinha e de tantos momentos históricos que nos fazem rir e chorar ao mesmo tempo.


Como seria impossível narrar cada instante dessa história de cada um dos cariocas na Cinelândia, contento-me em relembrar alguns momentos marcantes da minha vida naquela praça, que é muito mais do que uma praça, é um monumento histórico nacional.

Lá pelos meus sete, oito anos de idade conheci a Cinelândia no carnaval de rua. Montavam lá uns palanques de madeira pro povo assistir a passagem dos blocos. E lá ia eu levada pela mão da minha mãe, ao lado da minha irmã dez anos mais velha, que jogava lança-perfume na minha perna pra me dar susto. Diga-se de passagem que era lança perfume mesmo, em garrafinhas douradas e prateadas , da boa, na época em que era coisa de criança e ainda não tinha entrado para o rol das drogas. Portanto, a gente espirrava na perna dos outros com a maior inocência e não ia preso por porte de droga!

Foi também na Cinelândia que vi uma parada de Sete de Setembro pela primeira vez, com aqueles soldados desfilando e gritando palavras de ordem, o que me assustava e me fazia correr pra bem pertinho do meu pai, mas, é claro, disfarçando o medo ao aplaudir timidamente a passagem daquelas tropas que, nos meus poucos anos de vida, pareciam-me extremamente poderosas!

Depois, adolescente, conheci a Cinelândia de passagem, quando ia ao trabalho da minha mãe que ficava ali bem pertinho. Lá do alto do décimo segundo andar daquele prédio eu ficava olhando as pessoas lá embaixo, sentadas no tradicional Amarelinho e pensando no que estariam conversando tão animadamente.

Chegava a sonhar acordada, com a cabeça encostada na vidraça da janela do escritório, se em algum momento da minha vida eu teria a chance de sentar numa daquelas cadeiras para saber o que tanto falavam e gesticulavam aquelas pessoas.

E consegui. Alguns anos depois, já como repórter, ao cobrir eventos que por qualquer motivo eram realizados na Cinelândia, finalmente pude sentar numa daquelas cadeiras do Amarelinho, sentindo-me importante, como se também estivesse fazendo parte de uma história.

Tanto que, pulando décadas, chegamos ao dias de hoje, quando até o presidente americano Barack Obama, quis fazer seu discurso em plena “Cinelândia pública”.

Valeu a intenção...mas, evidentemente, logo bloqueada pela super segurança do homem mais poderoso do planeta por razões óbvias. Afinal, na Cinelândia, a voz do povo é que dá o tom, e não havia unanimidade positiva em relação à Obama, mas para não deixá-lo com a sensação de quem não falou aos brasileiros num local marcante, transferiram suas palavras para o Teatro Municipal, que fica onde? Na Cinelândia...

E agora, no último final de semana, qual não foi minha surpresa quando leio na internet que Sônia Braga, que disse ter começado a vida artística no centro do Rio, anunciou que já comprou um apartamento na Rua Álvaro Alvim, na Cinelândia, e que já está se preparando para a mudança de Nova Iorque para o Rio.

Não que Sônia Braga represente voz do povo, mas afinal, ela já mostrou que mesmo morando fora, está sempre antenada com o país, nem que seja pra fazer marketing como quando varreu ruas do Rio em uma de suas passagens relâmpago pela cidade. E tem também aquela história de “quem já foi Gabriela, não degenera”... tá na Globo, tá lá!

Pois é, mas com todo o amor pelas raízes, Sônia disse que o local ainda está precisando de muitas melhorias, as ruas estão esburacadas, a iluminação é deficiente e é uma região que inspira cuidados com a segurança. Com tudo isso, ela diz que o investimento vale a pena. Conta que o prédio onde comprou a nova morada, para viver na volta do seu exílio americano, é bonito, histórico e tradicional e ela pretende reformar o apartamento para deixá-lo mais moderno.

Quem diria, heim? A Cinelândia, palco de tantos protestos políticos acabou virando um cult capitalista, onde, segundo informações da própria mídia brasileira, há previsão de investimentos ao seu redor no valor de bilhões de reais, de empresas privadas, que incluem várias obras no centro do Rio.

É essa a Cinelândia dos tempos modernos, onde já não existem tantos protestos, mas houve um dia em que ela foi a caixa de ressonância de milhares de vozes brasileiras que unidas “caminharam e cantaram e seguiram a canção”...


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