Caylee, uma história americana

O resultado do julgamento de Casey Anthony, acusada de matar a própria filha Caylee, de dois anos, parecia final de campeonato esportivo nesta terça-feira. Todos os olhos do país estavam voltados para a TV na expectativa da decisão do corpo de jurados, formado por 12 pessoas, que iria definir o futuro da ré, Casey Marie Anthony. Na porta do tribunal, em Orlando, Flórida, uma multidão esperava pela deliberação: culpada ou inocente?


Mas a expectativa não foi só entre os que estavam ali ao vivo, em manifestações na rua, em casa não houve quem não acompanhasse pela TV o epílogo do maior e mais verdadeiro reality-show dos últimos tempos na TV americana, transmitindo todo o julgamento que durou mais de um mês, acompanhando cada relato das cem testemunhas do caso, cada reação da ré, do juiz e dos advogados, contra e a favor de Casey.

Durante tres anos, ela ficou presa esperando o julgamento, era chamada de assassina pela mídia americana que influenciou muito a opinião pública, jogando-a contra Casey. a jovem bonita e mentirosa. Aquela que inventou o sequestro de Caylee por uma babá que nunca existiu, aquela que levou 31 dias para dizer à família que a filha simplesmente desaparecera escondendo a verdade com mentiras impressionantes.

Até mesmo os policiais que ouviram os depoimentos de Casey ficaram horrorizados com a cara de pau da moça e de como fora astuta e maquiavélica em suas invenções que, entre outros absurdos, incluíram um falso emprego na Universal Studios em Orlando, a fictícia babá sequestradora, amigos e amigas inexistentes e até um namorado rico que iria dar a ela e Caylee a vida que sempre mereceram.

Histórias fantásticas de uma jovem desajustada que sempre vivera na mentira, enganando os pais, roubando talões de cheques da família e de alguns amigos, enganando todos que conhecera na vida. Assim Casey foi descrita na Corte pelos promotores que a acusaram de ter matado a filha e ido viver a Bella Vita que gostava e que tatuara com todas as letras em suas costas.

Fotos de Casey em festas de embalo, bebendo e dançando alegremente, foram exibidas no tribunal, na tentativa de jogar os jurados contra a ré. Seus acusadores disseram que as fotos foram tiradas depois da morte da filha, que ela teria dopado e sufocado com fita isolante. Tese abraçada pelo público e pela mídia, que esperava nada menos que a condenação à morte via injeção letal, como prevê a lei da Flórida.

Mas, como num final mal contado de novela, o caso Casey teve um desfecho inesperado e decepcionante para a maioria. Nesta quarta-feira foi o “day after”do golpe sofrido pela mídia e pelo público que esperavam finalmente justiça para Caylee que teve a vida ceifada tão prematuramente e o corpo jogado feito lixo num terreno baldio também usado para enterrar animais.

Os jurados que não quiseram ter suas identidades reveladas por precaução e muito menos deram declarações, parece que , apesar de todas as evidências apresentadas contra a jovem mãe, não a consideraram uma assassina. O que dizem os especialistas mais imparciais é que em meio a tantas mentiras, histórias de desajustes da própria família de Casey, depoimentos contraditórios e um silêncio aparentemente sofrido da ré, eles optaram por inocentá-la baseados na lei que diz “in dubio pro reo”, ou seja, se houver alguma dúvida os jurados não podem optar pela condenação do acusado.

Enfim, o caso tomou as cores da passionalidade e a morte de Caylee passou a ser um drama coletivo. Agora todo mundo quer saber quem matou a menininha esperta, linda e inocente que tinha tanto para viver. Dizem que Casey deve sair da prisão livre, leve e solta nesta quinta-feira. À espera dela, especula a mídia, já estão homens de negócios de olho nos milhões que ela pode render contando sua história em livro, filme e série de TV.

Não tem jeito, a lei dos homens foi cumprida, só resta agora esperar a justiça divina que nessa altura é a única que pode apontar a verdade desse mistério que está fazendo a América chorar de dor. ( Veja o vídeo )


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