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domingo, 3 de julho de 2011

Debatendo as drogas


Em meio à polêmica sobre legalização da maconha, acho importante estender a discussão e o debate a todos os cantos e recantos, pois é na troca de opiniões que se ampliam visões nos permitindo ir além de nossas crenças pessoais.

Uma consideração que penso ser requisito básico para qualquer tipo de debate de ideias, é tentarmos evitar a atitude simplória de ser contra ou a favor defendendo teorias ouvidas não se sabe de onde.

Antes de serem proibidas, as drogas ilícitas eram consumidas da mesma forma que as outras drogas. A que pretexto elas foram banidas da sociedade em que vivemos? Qualquer ajuste e/ou regulação a que se queira submeter o convício social, demanda uma reflexão sobre causa e efeito dos atos da sociedade como um todo; até que ponto é válido o cerceamento do livre-arbítrio do indivíduo dentro dela, sob o pretexto de protegê-lo?

O que faz crer a alguns que proibir o outro de fazer o que bem entende da vida, vai salvá-lo de algo? Estou me referindo aqui à proibição legal, aquela que impõe sanções ao cidadão por atitude considerada crime, no caso, o uso de certas drogas.

Aquele que fincou trincheira do lado dos “contra”, provavelmente terá vários argumentos para rebater qualquer das perguntas colocadas . Mas esta é realmente uma posição nascida de uma reflexão ampla sobre o assunto? Os do lado oposto da trincheira sem dúvida terão a mesma atitude. Porque não nos sentamos todos no meio do fogo cruzado, depomos armas, que nada mais são do que consensos vendidos pela mídia dominante, e tentamos pensar por nós mesmos?

Não, não seria fácil! Não é fácil porque raramente fazemos isso. Sempre há alguém falando por nós, alguém fazendo por nós, alguém pensando por nós. Pelo menos é nisso que estão nos fazendo acreditar, todos aqueles a quem outorgamos nosso livre pensar. Não me refiro a nenhum setor da sociedade em especial quando digo “estão fazendo”, mas sim à percepção que cada indivíduo tem com relação a seu mundo externo, inferindo-se daí que o mundo externo, ou exterior, é diferente para cada ser humano. Costumamos não duvidar que nosso mundo exterior seja igual ao do nosso próximo, nos esquecendo sempre que é produzido por nossa mente, o que nos leva a deduções equivocadas na ma ioria das vezes.

Como então coincidir interesses comuns, pois é disso que se trata, de forma cada vez mais abrangente? Hoje já não é mais possível tomar atitudes facciosas. Em exemplo recente, acompanhamos o caso do juiz que anulou união de casal homossexual porque foi “impingido por Deus”, decisão prontamente revogada por instância superior.

Penso que estamos num patamar de civilização no qual cada indivíduo tem todas as ferramentas para se tornar um ser não só pensante, mas pensador, ao contrário do que faz parecer o avanço da tecnologia, que promete fazer tudo por nós; ainda temos um cérebro que nenhuma máquina conseguiu substituir e todas que existem, são manejadas por seres humanos ou foram por eles concebidas.

Mais que perder o medo de pensarmos livremente, me parece mais urgente perdermos a preguiça de pensar com base em conhecimento, informação, isenção e desidentificação com interesses pessoais.

Este é um aporte de quem acredita ser possível um entendimento maior entre os vários setores da sociedade, o que certamente elevaria seu grau de civilidade, no que ela tem de mais valioso: a produção de cultura, ou melhor, as culturas, aquelas surgidas desde os primórdios do homo sapiens, passando por todas as tribos, as comunidades, todos os grandes aglomerados de seres humanos, todo indivíduo que por esta terra passa e nela deixa sua marca indelével



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