Um dia desses, conversando com um ex-presidente do Banco do Brasil, revelou-me ele que, ao ser nomeado Presidente, passou aperto com os novos compromissos, novas despesas que o cargo lhe trazia. Mudava-se para Brasília com a esposa e filhos, nova casa, novas escolas e que a remuneração pelo exercício da Presidência pouco acrescentava ao seu salário de funcionário de carreira, exercendo uma comissão de nível superior.
Não pedi para ver seu contra-cheque, mas ele revelou que hoje sua aposentadoria não é irrisória, mas também não é astronômica. Até 1997 o funcionalismo do BB se aposentava dentro das regras vigentes em cada época. A maioria ao completar o tempo de serviço estava na última ou penúltima letra do quadro de carreira, o que assegurava certa uniformidade nas aposentadorias.
Mas o Banco do Brasil mudou muito. Em 2008, os funcionários foram surpreendidos pela notícia de que o Conselho de Administração reajustou em 30% os salários dos executivos de primeiro escalão (Presidente, Vices e Diretoria). Esses cargos passaram a ser estatutários e as verbas remuneratórias não são recebidas separadas como os demais funcionários recebem: Vencimento Padrão, Anuênio, Comissão PR cargo de chefia, etc., e sim em um item só como pró-labore. Ou seja: nada de separar em férias, décimo terceiro, visa-alimentação, licença-prêmio e a comissão de diretor/presidente ou vice.
Naquele ano em um relâmpago de bom senso, os próprios representantes do BB na Previ sugeriram limitar, criar um teto, já que o BB alterava o critério de remuneração dos seus altos executivos.
Assim, a diretoria e o conselho deliberativo da Previ aprovaram, por solicitação do próprio banco, a instituição de um teto de contribuição e benefícios para a Previ, correspondente à remuneração paga aos detentores do cargo Valor de Referência Especial (RF-01), o maior salário do quadro de carreira do banco, naquela época era cerca de vinte e sete mil reais.
Eis que, antes mesmo desse teto ser submetido à Secretaria de Previdência Complementar, o próprio Banco recuou, determinou à PREVI que se abstivesse de observar o teto e protocolou sugestão de um novo teto no valor de três vezes RF Especial
Vale lembrar que os altos executivos do BB há muito reclamam que os salários do Banco estão aquém dos praticados pelo mercado e assim, ao apresentar na diretoria e deliberativo da Previ a proposta para que o teto seja três vezes o valor do RF, ou seja, cerca de oitenta e um mil reais, pode-se antever o que virá mais adiante.
Reflitam, quem fixa a remuneração da presidência, vices e diretoria é o Conselho de Administração do BB. A pergunta que se faz: é justo que a PREVI tenha a obrigação de pagar aposentadorias sobre o teto desejado pelo BB? Considerem que, para chegar a Vice-Presidente (ou Diretor) basta a indicação política, de sorte que qualquer funcionário do BB, bem relacionado, pode sair de uma Comissão de nível médio e ser nomeado Vice-Presidente ou diretor. Assim, de uma hora para outra, salta sua remuneração para patamares próximos a esses 81 mil. Basta ficar três anos nesse cargo e se aposentar, a Previ terá que calcular seu benefício tomando por base esse teto.
Pode-se argumentar que é justo que o BB remunere bem seus executivos de alto escalão até para não perdê-los para o mercado. No entanto, a Previ é um fundo de pensão responsável pela cobertura da velhice de milhares de pessoas, ex-funcionários do quadro de carreira, e não poderia ter desníveis de tal ordem. Então, que se fixe um teto justo e que o Banco complemente às suas custas o que considerar devido para as aposentadorias de seus altos executivos.
Pelo andar da carruagem, podemos ver que o BB está querendo criar uma casta de aposentados que não condiz com a sobriedade do velho banco de todos os brasileiros. Isso nos faz ter saudades de antigos presidentes do BB, como Alcir Augustinho Calliari, Nestor Jost, Camilo Calazans, Karlos Rischbieter e tantos outros probos colegas que chegaram ao posto maior no BB.
Agora, os que têm conhecimento dos fatos não podem se escusar de tentar fazer alguma coisa contra tamanho escândalo.
Direto da redação
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