Reencontrei esta semana um velho companheiro dos tempos felizes da Rádio Jornal do Brasil, a quem não via há mais de vinte anos. Vascaíno e brizolista, Dinoel Sant’Anna, do alto dos seus 60 e poucos anos, não se cansou de relembrar histórias do radio carioca, sobretudo de uma campanha política, da qual participou.
Uma de suas mais emocionadas lembranças foi ter emprestado a voz a uma das campanhas de Leonel Brizola. Depois de umas tantas taças de vinho, Dinoel empolgou-se e trouxe de volta a frase que marcou a campanha brizolista no ano de 1989. E com a voz em plena forma, recitou-a com orgulho e emoção:
- Quem conhece o Brizola.... vota no Brizola.
Quantos de vocês, leitores, se lembram da frase e não sabiam que era interpretada pelo companheiro Dinoel? Trago essa lembrança aos leitores do DR como forma de homenagear o Dinoel e tantos outros locutores anônimos cujas vozes ouvimos por aí, sem que possamos identificá-las.
É verdade que, no caso de campanhas políticas, voz e imagem valem ouro, sobretudo quando jornalistas de vídeo decidem associar sua imagem à do candidato.
É conhecida no meio a história de um conhecido apresentador/jornalista que pediu licença na Globo para engajar-se na campanha de um presidenciável. Dizem que cobrou um milhão de reais (sem nota), naquela época. A Globo não mais o quis de volta, mas ele continua por ai, ciscando em outros canais e ninguém mais se lembra de seu passado.
Certamente deve ter recebido a bolada, porque seu candidato foi eleito.
Aliás, essa é uma regra básica para quem se aventura a trabalhar em campanha eleitoral. Cobrar antecipadamente, porque se o candidato não é eleito...adeus cachê. Essas verbas de campanha, geralmente suspeitas, e isso não é novidade, saem do caixa 2 de doadores que esperam recuperar com sobras o dinheiro aplicado em determinada candidatura. Ora, se o candidato não foi eleito, raciocina o doador, por que cumprir o compromisso de doar, se ele não terá nenhuma benesse em troca?
Nem todo mundo cobra para apoiar determinada candidatura. São muitas as personalidades que publicamente fazem uma profissão de fé em seu candidato, sem receber um centavo em troca, esperando apenas que, eleito, ele seja honesto, dedicado e cumpra os compromissos de campanha. Nem sempre isso acontece, mas.. fazer o quê?
Outra forma de apoio bolada pelos marqueteiros é a de usar uma personalidade/celebridade para falar mal do adversário. Quem não se lembra da atriz Regina Duarte, em 2002, no programa eleitoral do José Serra, expressando seu medo do que poderia acontecer ao Brasil, se Lula fosse eleito?
Regina, alias, é reincidente. Em 2007, ela foi uma das musas do fracassado movimento “Cansei”, contra o governo Lula. Regina e as demais musas, Hebe, Ana Maria Braga e Ivete Sangalo, não conseguiram empolgar o público. E a concentração planejada pela direita paulista na Catedral da Sé redundou em autêntico fracasso, com meia dúzia de gatos pingados.
Comecei a escrever este artigo a partir do reencontro com o Dinoel e da máxima “quem conhece o Brizola...vota no Brizola”. Depois de alguns comentários postados na coluna do Romeu Prisco, “Suplicy e Bolsonaro”, entretanto, vi que o lema da campanha se ajusta à seguinte situação.
Alguns leitores se manifestaram contra o pensamento do colunista, um direito que lhes cabe e faz parte do processo de pluralidade democrática que buscamos implantar aqui no DR desde sua primeira edição, em setembro de 2001. Um deles chegou a afirmar que “vai repensar se continua a ler este jornal”. A ele, e aos leitores novos que não conhecem nossa tradição, fica a mensagem plagiada da campanha brizolista:
Direto da Redção
http://feeds.feedburner.com/RadioXfm989Sp-br
Nenhum comentário:
Postar um comentário
www.xfm.com.br