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domingo, 3 de julho de 2011

Nova esperança para os indocumentados


Miami (EUA) - O governo de Barack Obama é o que mais tem deportado imigrantes do país em comparação aos seus antecessores, mesmo George W. Bush. Isto pode parecer uma incoerência, sobretudo para um presidente que, durante sua campanha eleitoral, elegeu a solução do problema imigratório como uma de suas prioridades em seu primeiro ano como hóspede da Casa Branca.


A renhida luta para aprovar um plano de saúde pública mantido pelo governo, o envolvimento em duas guerras (Iraque e Afeganistão) e a crise econômica pela qual passava o país – e ainda está passando – com alto índice de desemprego, no entanto, impediram que a reforma imigratória ganhasse a importância merecida. Some-se a isto a frágil maioria no Congresso e a má vontade de alguns parlamentares democratas, os chamados “Bluedogs”, com o assunto para que os imigrangtes indocumentados continuem a viver um pesadelo.

Recentemente, Obama voltou à carga para aprovação de uma reforma que coloque os 11 milhões de indocumentados dentro da lei, desde que preencham certos requisitos como pagar multa por ter infringido a lei, ter bons antecedentes criminais e provar que se comunicam em inglês. Porém, hoje a situação no Legislativo está bem mais difícil do que em 2008. Após a derrota nas eleições intermediárias em 2010, os democratas perderam a maioria na Câmara Federal e tem uma frágil maioria no Senado. E como todos sabem os republicanos não se mostram dispostos a regularizar a situação destas pessoas. Para eles, e para seus eleitores, a única saída é a deportação de todos que aqui vivem ilegalmente.

Como isto é inexequível, tanto economica como operacionalmente, o problema não se resolve. Agora, o ICE (a divisão do Serviço de Imigração dos EUA responsável pela captura de indocumentados) baixou um comunicado no qual seus agentes devem “pegar leve” contra indocumentados que tenham famílias para sustentar, filhos americanos, crianças, estudantes, idosos e mulheres grávidas. A ordem é capturar criminosos e não jardineiros e agricultores cujo crime é apenas trabalhar aqui de maneira ilegal.

Isto pode ajudar até mesmo algumas pessoas já presas e com ordem de deportação, como é o caso do peruano Adolfo Tueros, casado com a hondurenha Karen Sanchez, com três filhos, um dos quais doente. Ou também o caso do mineiro Genario Vitória, casado com Osilene Teixeira, de Rondônia, com dois filhos menores nascidos nos EUA e com problemas de saúde e a mulher grávida do terceiro. A exemplo de Tueros, o brasileiro também está preso e com ordem de deportação.

Agora os advogados dos dois casais tentam reabrir os casos nas cortes de imigração e apelar para o aspecto humano da situação, sobretudo por envolver menores de idade. Os agentes responsáveis pela guarda dos detentos também se condoem com a situação destes pais de famílias, mas sabem que a lei deve ser cumprida. Diante desta nova determinação, é possível que eles tenham seus casos revistos e permaneçam nos EUA. Isto seria excelente para eles, por serem pobres e terem de voltar a seus países, onde as condições de cuidado com a saúde são bem piores em comparação às dos Estados Unidos. Osilene sabe que nem no interior de Minas Gerais nem em Rondônia encontraria clínicas e hospitais aparelhados para tratar de seus filhos.

Claro que os EUA não têm a obrigação de serem o porto seguro dos pobres de todas as nações do mundo e os cidadãos americanos se queixam, com razão, de pagarem impostos altos e verem pessoas que entraram aqui de maneira ilegal usufruírem dos benefícios oferecidos pelo país, tais como assistência médica (a lei do país impede que médicos ou hospitais recusem um paciente que preciso de cuidados médicos), educação básica e até mesmo auxílio alimentar.

A fim de resolver este problema, o melhor mesmo seria a legalização de todos, porque eles passariam a integrar o sistema americano e, portanto, contribuir financeiramente para a manutenção da infraestrutura básica do país ao pagarem os impostos como os demais cidadãos e residentes legais. E, além disto, dotaria o caixa do governo com uma renda extra que poderia ser usada no aperfeiçoamento dos sistemas de vigilância para evitar (ou, pelo menos, diminuir) o contrabando de armas, drogas e de pessoas.


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